Produtores limitam oferta e seguram preços do milho
Exportações brasileiras de milho seguem lentas até agosto

Segundo a análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), referente à semana de 08 a 14 de agosto e publicada na quinta-feira (14), o mercado de milho no Brasil registrou leve alta em algumas praças. No Rio Grande do Sul, a média semanal ficou em R$ 62,37 por saco, enquanto as principais localidades locais praticaram valores entre R$ 59,00 e R$ 60,00 por saco. No restante do país, os preços variaram entre R$ 45,00 e R$ 64,00 por saco.
O Ceema apontou que as negociações com o cereal foram pontuais no mercado livre nacional, com vendedores limitando a oferta na expectativa de preços melhores. “Muitos consumidores estão recebendo lotes negociados antecipadamente e usando os estoques”, disse o relatório, que ainda destaca que os operadores apostam em queda dos preços nas próximas semanas devido à produção elevada e aos estoques de passagem altos, enquanto o ritmo das exportações ainda é fraco, apesar de melhoria em agosto, segundo o Cepea.
O plantio da nova safra de verão, concentrado no Sul do país, atingiu 6,7% da área esperada no Centro-Sul até 28 de agosto, contra 7,7% no mesmo período de 2024, conforme a AgRural. O clima está normal nessas regiões, embora haja problemas pontuais. Paralelamente, a colheita da safrinha estava praticamente encerrada no final de agosto, com cerca de 97% da área nacional da segunda safra colhida, segundo a Conab. A produção da nova safra de verão nacional é estimada em 25,6 milhões de toneladas, 0,5% acima do ano anterior.
No Mato Grosso, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) projeta crescimento de 1,8% na área de milho 2025/26, que deve atingir 7,39 milhões de hectares. No Rio Grande do Sul, a Emater estima que a área semeada na nova safra de verão chegará a 785 mil hectares, alta de 9,3% sobre 2024. Em clima normal, a produção pode alcançar 5,79 milhões de toneladas, mais de 9% acima do ano passado.
Segundo o analista da Safras & Mercado, o mercado brasileiro ainda opera com lentidão, com operadores aguardando a finalização da colheita da safrinha e o avanço da logística do cereal, o que trava a comercialização. “O câmbio ganha mais atenção, pois para haver recuperação consistente nos preços internos, o ritmo das exportações precisa aumentar. Por enquanto, o produtor não aceita vender abaixo dos atuais patamares de preços”, disse o relatório.
A consultoria Germinar indica que um fator de suporte aos preços é a forte demanda interna, com o consumo estimado entre 93 e 94 milhões de toneladas em 2025, contra 89 milhões no ano passado. O setor de etanol poderá absorver cerca de 23 milhões de toneladas em 2025, chegando a 24 milhões em 2026. Atualmente, o biocombustível representa quase 25% do consumo interno de milho, com tendência de crescimento devido a novas usinas.
No comércio exterior, os embarques brasileiros somaram cerca de 8 milhões de toneladas até agosto. Em 2024, as exportações totalizaram quase 39 milhões de toneladas, e a expectativa para 2025/26 varia entre 35 e 40 milhões de toneladas. Com uma produção total estimada próxima de 150 milhões de toneladas, seria necessário exportar até 56 milhões de toneladas para equilibrar a oferta, algo considerado difícil diante da lentidão nas vendas atuais.