Inoculação de sementes com bactérias funciona?
Esta é uma tecnologia de baixo custo e já disponível no mercado

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) demonstrou que a inoculação de sementes com bactérias pode neutralizar os efeitos negativos do aquecimento global sobre a produtividade e a qualidade nutricional da brachiaria híbrida Mavuno, uma pastagem tropical. Realizado em campo por 405 dias no campus da USP em Ribeirão Preto (SP), o experimento simulou um aumento de temperatura de 2°C, conforme previsto no Acordo de Paris.
As sementes foram tratadas com as bactérias Azospirillum brasilense, que fixa nitrogênio e estimula o crescimento radicular, e Pseudomonas fluorescens, que protege contra estresses ambientais. A inoculação aumentou em até 38% o teor de proteína bruta da forragem, compensando a redução de 28% na biomassa causada pelo calor em plantas não tratadas.
Além de manter a produção, a inoculação melhorou a digestibilidade da forragem em até 8% e reduziu lignina e fibras, fatores que elevam o desempenho de bovinos de corte e leite. Segundo o coordenador da pesquisa, Carlos Alberto Martinez, esta é uma tecnologia de baixo custo e já disponível no mercado, capaz de reduzir a dependência de fertilizantes nitrogenados e ajudar a agropecuária a se adaptar às mudanças climáticas.
Alex Wolf, CEO da Wolf Sementes, destaca que a melhora na qualidade nutricional da Mavuno também contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa, uma vez que ruminantes produzem menos metano ao consumir forragens de alta digestibilidade.
“A Mavuno tem um sistema radicular profundo e eficiente, o que favorece a absorção de água e nutrientes mesmo em condições adversas. Isso potencializa os efeitos da inoculação”, explica o professor da FFCLRP-USP e coordenador da pesquisa, Carlos Alberto Martinez.