A nanotecnologia vai “tomar conta” do agro?
A nanotecnologia permite manipular a matéria em escala atômica e molecular

Segundo Renato Seraphim, fundador da Small Nanotechnology, a nanotecnologia está se consolidando como um pilar essencial para a Agricultura 5.0. “Em um cenário onde a demanda por alimentos cresce exponencialmente – com projeções de aumento de 50-80% até 2050 – e enfrentamos desafios como a diminuição da área agriculturável, escassez de água e os impactos das mudanças climáticas, a nanotecnologia emerge não apenas como uma ferramenta, mas como um pilar fundamental para a Agricultura 5.0”, comenta.
A nanotecnologia permite manipular a matéria em escala atômica e molecular, entre 1 e 100 nanômetros, oferecendo propriedades únicas aos materiais. Isso viabiliza, por exemplo, os nanofertilizantes, que garantem uma entrega de nutrientes até 30% mais eficiente que os métodos tradicionais, reduzindo perdas e impacto ambiental. Também se destacam os nanopesticidas, que oferecem proteção mais precisa às lavouras, com até 43% menos toxicidade para organismos não-alvo, desenvolvidos por empresas como Bayer, BASF e a brasileira NanoScoping.
“A agricultura de precisão ganha uma nova dimensão com os nanossensores. Esses dispositivos miniaturizados monitoram em tempo real parâmetros essenciais do solo e das plantas – como umidade, nutrientes, pH e patógenos. Essa capacidade de detecção precoce, impulsionada por empresas como Teralytic e CropX Technologies, permite intervenções proativas, otimizando o uso de insumos e prevenindo perdas”, completa.
A nanoirrigação, através de sistemas como o Moistube, permite uma economia de até 95% no uso de energia, enquanto tecnologias de nanobolhas melhoram a qualidade da água e a saúde do solo. Além disso, os nanomateriais para remediação tornam possível recuperar solos contaminados, restaurando sua produtividade.
A nanotecnologia também vem revolucionando o desenvolvimento de bioestimulantes, o nanoencapsulamento de defensivos, as embalagens inteligentes para reduzir perdas pós-colheita e até a entrega de genes via nanopartículas, acelerando o melhoramento genético. Essas soluções tornam as plantas mais resilientes a estresses como seca, salinidade e temperaturas extremas.
“A nanotecnologia não é mais uma opção marginal; é um imperativo para uma agricultura que busca ser produtiva, eficiente, resiliente e, acima de tudo, sustentável a longo prazo. Estamos no limiar de uma era onde a manipulação da matéria em sua menor escala nos permitirá alimentar um mundo crescente, de forma mais inteligente e responsável”, conclui.