Conflito fundiário no Extremo Sul da Bahia: produtores denunciam cerco armado em fazenda ocupada
Força Nacional esteve no local, mas produtores relatam abandono e insegurança

Um novo episódio de tensão fundiária marcou a última sexta-feira (8), no distrito de Cumuruxatiba, município de Prado (BA), onde produtores rurais afirmam ter sido cercados por um grupo armado durante tentativa de vistoria à Fazenda Imbassuaba. A propriedade está ocupada desde o domingo anterior.
Segundo os produtores, ao chegarem ao local para verificar se a sede havia sido arrombada, foram recebidos a tiros. Imagens de drone identificaram Ricardo Oliveira Azevedo, ex-secretário municipal de Prado, como autor de um dos disparos. O material foi encaminhado à Polícia Federal.
A situação se agravou com a chegada da Força Nacional. Conforme os relatos, os invasores esconderam as armas de fogo e passaram a usar objetos contundentes, mesmo na presença dos agentes. Um produtor foi agredido com um pedaço de madeira, e os demais relatam ameaças constantes. A sede da fazenda não pôde ser vistoriada, e os produtores foram escoltados para fora da área.
“O Estado está ausente. Fui tratado como criminoso por tentar entrar na minha propriedade, enquanto os invasores seguem impunes”, desabafa o proprietário, que preferiu não ser identificado.
Crise se repete e causa prejuízos milionários
A situação em Cumuruxatiba não é isolada. Segundo a Associação do Agronegócio do Extremo Sul da Bahia (Agronex), desde 2022 há registro de invasões semelhantes na região, com roubo de café, gado e maquinário, além da expulsão de famílias sob ameaça armada.
“A luta não é contra indígenas, mas contra criminosos que se escondem atrás de uma causa legítima. O prejuízo já ultrapassa R$ 500 milhões”, afirma o presidente da Agronex, Mateus Bonfim.
A entidade alerta para o uso de armamento pesado, apoio logístico com veículos oficiais e a falta de resposta das autoridades estaduais e federais diante do agravamento do conflito agrário.