Cotonicultura mineira cresce, mas seca desafia produtividade
Algodão ocupará cerca de 2,14 milhões de hectares no Brasil nesta safra

Minas Gerais, terceiro maior produtor de algodão do país, registra um salto expressivo na área plantada para a safra 2024/2025. De acordo com estimativas da Associação Mineira dos Produtores de algodão (Amipa), o estado aumentou em 34% sua área cultivada com a fibra, movimento que acompanha a tendência de expansão nacional da cotonicultura.
Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indicam que o algodão ocupará cerca de 2,14 milhões de hectares no Brasil nesta safra. A projeção preliminar aponta para uma colheita de 3,95 milhões de toneladas, volume 6,8% superior ao registrado no ciclo anterior. Esse crescimento é impulsionado, em boa parte, pelo aumento de áreas plantadas em estados como Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia.
Apesar da expansão, o clima seco registrado em diversas regiões mineiras acende um sinal de alerta. Segundo o diretor-executivo da Amipa, Licio Pena de Sairre, a estiagem pode comprometer a produtividade nas lavouras de sequeiro. “Teremos um aumento significativo na produção, por conta da maior área plantada, mas a produtividade tende a ser menor do que no ano passado”, explica o dirigente.
A estiagem, já prevista pela Abrapa em relatórios anteriores, motivou os produtores a adotarem estratégias antecipadas para minimizar os impactos do clima adverso. Entre elas, destaca-se a própria ampliação da área cultivada como forma de compensar possíveis perdas na produção por hectare.
Para enfrentar os desafios impostos pela instabilidade climática, os produtores de algodão em Minas têm investido cada vez mais em tecnologia e práticas sustentáveis. O uso de sementes transgênicas tolerantes à seca e resistentes a pragas, por exemplo, tem sido um dos caminhos adotados para manter a rentabilidade da cultura. “O nível tecnológico sobe quando se inclui o algodão no sistema produtivo. O produtor precisa estar atento às inovações que garantem mais resiliência ao campo”, afirma Licio.
Mesmo com o cenário desafiador, a cotonicultura mineira segue firme no compromisso com a inovação, buscando garantir uma produção de qualidade capaz de abastecer tanto o mercado interno quanto o externo. A expectativa é que, com o avanço das boas práticas agrícolas e o uso intensivo de tecnologia, o setor mantenha sua relevância e competitividade, mesmo sob condições climáticas desfavoráveis.