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Bactéria vira insumo natural para combater efeitos da seca

Inoculante foi formulado para proteger as plantas em condições de escassez hídrica



Foto: Nadia Borges

Uma bactéria isolada de solos áridos do Ceará se tornou o ingrediente principal de uma nova tecnologia voltada para reduzir os impactos da seca nas lavouras brasileiras. Batizado de Hydratus, o inoculante foi desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo (MG), em parceria com a empresa Bioma, e já possui registro no Ministério da Agricultura e Pecuária para uso na cultura da soja, estando em testes para aplicação em outras culturas.

Segundo a Embrapa, produzido com a bactéria Bacillus subtilis, o Hydratus foi formulado para proteger as plantas em condições de escassez hídrica e estimular o crescimento. Estudos em áreas comerciais indicaram aumento de até 7,7 sacas por hectare na produção de milho e 4,8 sacas por hectare em lavouras de soja tratadas com o bioproduto.

A Embrapa destaca que o diferencial do inoculante está na seleção e concentração elevada de células de Bacillus, combinada a uma formulação com agentes protetores que favorecem a sobrevivência da bactéria no solo e prolongam a meia-vida do produto na prateleira.

Em testes laboratoriais, o microrganismo apresentou potencial de produção de fitohormônios, que alteram a morfologia e aumentam o tamanho das raízes, mecanismos que contribuem para a adaptação das plantas à seca. “É por esse motivo que as plantas acabam crescendo mais e apresentando desenvolvimento mais robusto com a aplicação do produto”, explicam os pesquisadores.

Testes de campo em diferentes condições de solo e clima mostraram que a inoculação da estirpe B. subtilis 1A11 aumentou a produção de soja e milho em 4,8 e 7,7 sacas por hectare, respectivamente, em 30 áreas comerciais. Os trabalhos foram conduzidos pela equipe de desenvolvimento da Bioma, sob coordenação do diretor de pesquisa Artur Soares, e pelo pesquisador Geraldo Magela de Almeida Cançado, da Embrapa Agricultura Digital (SP).

O cenário de mudanças climáticas, que tem afetado a regularidade das chuvas e elevado a incidência de secas, interfere na produtividade agrícola, reforçando a importância de tecnologias que aumentem a resiliência das lavouras.

A equipe de desenvolvimento do Hydratus inclui os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo Eliane Aparecida Gomes, coordenadora, Christiane Abreu de Oliveira Paiva, Flávia Cristina dos Santos, Ivanildo Evódio Marriel, Maycon Campos Oliveira, Paulo César Magalhães, Sylvia Morais de Sousa e Ubiraci G. P. Lana, além de Geraldo Cançado, João Francisco Antunes e Eduardo Antonio Speranza, da Embrapa Agricultura Digital, com apoio dos bolsistas Julio Cezar Souza Vasconcelos e Caio Simplício Arantes.

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