Negociações de algodão seguem lentas apesar de produção
Compradores estão adotando postura cautelosa

A colheita do algodão da safra 2024/25 já começou em algumas regiões do Brasil e traz perspectivas positivas para o setor. Com expectativas de produção recorde, a atividade no campo avança de forma gradual, mas o mesmo não pode ser dito do ritmo do mercado doméstico, que permanece travado. As negociações no spot nacional seguem lentas e os preços não registram grandes variações.
Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a estabilidade nos valores está relacionada a uma combinação de fatores. A recente valorização do real frente ao dólar, somada às quedas nas cotações internacionais da pluma, tem impactado diretamente na paridade de exportação. Esse cenário desestimula os vendedores internos, que preferem segurar os lotes à espera de condições mais favoráveis.
Por outro lado, os compradores também adotam uma postura cautelosa, ativando suas compras no mercado físico apenas quando há necessidade imediata de repor estoques. Esse comportamento contido nos dois lados do mercado contribui para a lentidão das transações, mesmo diante da entrada da nova safra.
Apesar do ambiente desafiador nas negociações, as projeções para a produção nacional são animadoras. Em relatório divulgado no último dia 12, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima a estimativa de produção da pluma na temporada 2024/25. O aumento foi de 0,2% em relação ao boletim de maio e de 5,7% frente à safra anterior.
Com isso, a produção brasileira de algodão pode alcançar 3,913 milhões de toneladas, consolidando um avanço importante na oferta do produto. A expectativa é que, com o avanço da colheita e a retomada da demanda externa, o ritmo de comercialização ganhe força nos próximos meses.
Enquanto isso, agentes do setor seguem atentos à movimentação cambial e ao comportamento do mercado internacional, fatores que podem destravar os negócios e estimular as exportações. O desempenho do algodão brasileiro no cenário global será fundamental para equilibrar a oferta crescente com uma demanda ainda reticente.