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"O Plano Safra mais parece um freio", diz analista

"Nosso País precisa de uma política agrícola séria"



"Nosso País precisa de uma política agrícola séria" "Nosso País precisa de uma política agrícola séria" - Foto: Pixabay

O lançamento do Plano Safra 2025/26, realizado com destaque no Palácio do Planalto, escancara uma realidade conhecida no campo: enquanto o agronegócio sustenta a economia nacional, o apoio oferecido segue aquém das necessidades. O montante anunciado de R$ 475,5 bilhões representa crescimento nominal de apenas 1,5% frente ao ciclo anterior, valor abaixo da inflação acumulada de 4% (IPCA), o que na prática significa uma retração real do crédito rural.

Segundo análise de Leandro Weber Viegas, CEO da Sell Agro, os juros elevados, que variam entre 8% e 14% ao ano, mantêm o financiamento agrícola distante do que é praticado em países concorrentes. No Plano Safra anterior, apenas 70% dos valores foram efetivamente desembolsados até maio de 2025, travando compras de insumos e planejamento de produção.

“Mesmo com essa relevância, o setor produtivo segue sendo tratado como solução temporária, não como protagonista de uma política econômica consistente. O plano de safra, que deveria ser o motor do desenvolvimento rural, tem sido entregue com mais foco em retórica do que em resultados”, comenta.

Dados do BNDES e do Ministério da Agricultura apontam uma queda de 5% nas contratações de crédito voltadas a investimentos agropecuários. Mesmo com o agro respondendo por 24,8% do PIB, gerando mais de R$ 2,8 trilhões por ano, 52% das exportações e cerca de 20 milhões de empregos, o setor produtivo ainda é tratado como solução emergencial. 

“O Plano Safra 2025/26 deveria ser um motor de desenvolvimento, mas soa cada vez mais como um freio. Nosso País precisa de uma política agrícola séria, alinhada com a realidade do produtor e do mercado internacional. Chega de medidas paliativas e anúncios performáticos. O agro brasileiro exige respeito, o produtor exige respeito. É hora de trocar o palanque pelo planejamento, e o discurso pela ação. O país precisa caminhar junto com o setor que, ano após ano, carrega a economia nas costas — mesmo quando o governo vira as costas para ele”, comenta.
 

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