Preço do trigo registrou nova queda em julho e preocupa produtores

Os preços do trigo no mercado brasileiro seguiram em trajetória de queda em julho, acumulando o terceiro mês consecutivo de desvalorização. A pressão veio, principalmente, do avanço das importações e da valorização do real frente ao dólar, o que reduziu o custo do cereal externo. A situação tem gerado preocupação entre produtores, em um momento em que muitos ainda estão concentrados no desenvolvimento da nova safra.

De acordo com as informações divulgadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os moinhos seguem priorizando a compra do trigo importado, o que compromete a liquidez no mercado interno. Enquanto isso, os vendedores mantêm o foco nas lavouras, com os trabalhos de plantio já na reta final em algumas regiões. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda doméstica vem contribuindo para a fragilidade nos preços.

No Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, a saca do trigo fechou julho com média de R$ 1.317,83 por tonelada, queda de 2,5% em relação a junho e de 12,8% em relação ao mesmo período de 2024, já descontada a inflação. No Paraná, a tonelada foi negociada a R$ 1.476,95, recuo mensal de 2,2% e anual de 7,2%. Já em São Paulo, o valor médio foi de R$ 1.499,43, com baixas de 2% e 8,9%, respectivamente. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.441,48/t, representando retrações de 1,9% no mês e 7,4% no ano.

A tendência de queda nos preços acende um alerta para o setor, especialmente diante do aumento da oferta global e das incertezas com o clima nas principais regiões produtoras do país. Além disso, a expectativa de boa produção na próxima safra, caso as condições climáticas se mantenham favoráveis, pode intensificar ainda mais a pressão sobre o mercado doméstico nos próximos meses.

Com os produtores atentos às oscilações e aos custos de produção, o cenário atual exige planejamento e monitoramento constante do mercado externo, que segue sendo um fator decisivo na formação dos preços internos.