Safra favorecida e mercado externo em queda derrubam preços do trigo em agosto
Novas quedas no trigo com avanço da produção no Mercosul

Os preços do trigo seguem em queda no início de agosto, segundo o Cepea. O bom andamento das lavouras no Brasil e na Argentina, aliado à retração dos contratos internacionais, pressiona as cotações internas.
Os valores do trigo continuam recuando no mercado brasileiro neste início de mês, conforme apontam os últimos levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A pressão vem principalmente do bom desempenho das lavouras tanto no Brasil quanto na Argentina – principal fornecedora do cereal ao país.
“Com o clima favorável, a expectativa é de uma safra volumosa e de boa qualidade, o que naturalmente reduz a necessidade de compras a preços mais altos no curto prazo”, explica um dos pesquisadores do Cepea.
No Rio Grande do Sul, dados da Emater/RS divulgados em 21 de agosto indicam que a umidade do solo, as temperaturas amenas e a maior incidência de luz solar têm beneficiado o desenvolvimento das lavouras. Já no Paraná, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab/Deral), o cenário também é positivo. Informações do dia 19 mostram que as chuvas recentes melhoraram o potencial produtivo e facilitaram o manejo fitossanitário.
Além da boa safra nacional, a retração nos contratos internacionais de trigo reforça o movimento de queda nos preços internos. A valorização do dólar frente ao real, que normalmente encarece a importação, não tem sido suficiente para conter a tendência de baixa, devido à oferta elevada.
Com a colheita se aproximando e as condições climáticas ainda favoráveis nas principais regiões produtoras, a pressão sobre os preços tende a se manter. Para os produtores, o momento exige atenção à comercialização, especialmente diante da competitividade do trigo argentino. A expectativa é de que o mercado interno só reaja caso haja mudanças significativas no cenário climático ou nas negociações internacionais.