Irã X Israel: conflito preocupa mercado de ureia e pode elevar custos no Brasil
Conflito pressiona preços de fertilizantes nitrogenados

O conflito entre Israel e Irã tem gerado instabilidade no mercado internacional de fertilizantes nitrogenados, com impacto direto nos preços e na oferta global. Segundo o relatório semanal da StoneX, empresa de serviços financeiros, a produção de Ureia no Irã e no Egito, dois dos principais polos de fabricação no Oriente Médio, foi interrompida.
No Egito, a paralisação ocorreu em função da falta de gás natural, consequência da redução no fornecimento por Israel. Já no Irã, as fábricas de ureia e amônia estão paralisadas devido aos riscos associados à guerra, o que agrava a escassez no mercado internacional. “Vale lembrar que Egito e Irã estão entre os principais exportadores globais de ureia e, por isso, a interrupção na produção desses países é motivo de preocupação para os compradores internacionais”, afirmou o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Tomás Pernías.
O aumento do risco geopolítico também provocou elevação nos custos de frete e seguros marítimos, especialmente nas rotas afetadas pelo conflito. De acordo com o relatório da StoneX, há tendência de alta nas tarifas de transporte internacional, o que eleva os custos logísticos e amplia as incertezas no comércio global de fertilizantes.
Além disso, os preços futuros da ureia registram ganhos nos Estados Unidos, no Oriente Médio e no Brasil. Segundo a análise da StoneX, o cenário atual reflete a predominância de fatores altistas para os próximos meses. Para Pernías, a situação é motivo de atenção para os compradores brasileiros, especialmente os produtores rurais. O analista lembra que as importações de nitrogenados devem se intensificar no segundo semestre, período que antecede o plantio das safras de verão. “Assim, a valorização da ureia no mercado internacional ocorre em um momento estratégico, quando o Brasil se prepara para ampliar a demanda por adubos. Além disso, estima-se que os custos de adubação já estejam acima dos níveis observados em 2024, o que aumenta o risco de pressão adicional sobre as margens dos agricultores. A continuidade das tensões no Oriente Médio, portanto, pode impor desafios relevantes ao planejamento da próxima safra no país”, concluiu Pernías.