CI

“Revolução” brasileira levou o agro ao sucesso

“Na esteira do sucesso do agronegócio, floresceram cidades no interior do Brasil"



 “Na esteira do sucesso do agronegócio, floresceram cidades no interior do Brasil" “Na esteira do sucesso do agronegócio, floresceram cidades no interior do Brasil" - Foto: Pixabay

Há pouco mais de 50 anos, o Brasil era um país importador de alimentos, com o campo marcado por pobreza e baixa produtividade. A guinada veio com a criação da Embrapa, responsável por revolucionar a agropecuária tropical, desenvolvendo tecnologias como o plantio direto e a tropicalização da soja, que tornaram o país um dos maiores produtores e exportadores agrícolas do mundo. 

Graças a esse avanço, o agronegócio passou a responder por cerca de um quarto do PIB e por mais de 20 milhões de empregos, segundo Décio Gazzoni, pesquisador da Embrapa, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), da Academia Brasileira de Ciência Agronômica e do Comitê Científico da ABELHA. “Na esteira do sucesso do agronegócio, floresceram cidades no interior do Brasil, plenas de oportunidades de emprego e renda, altamente progressistas e com elevada qualidade de vida. Seu surgimento aplacou a pressão migratória que inchava as periferias das grandes cidades do Brasil, que originaram desafios até hoje difíceis de superar, como atender suas necessidades básicas de saúde, educação, transporte, moradia, segurança e oportunidades de renda”, comenta.

Apesar disso, Gazzoni alerta para um risco iminente: a aposentadoria compulsória de pesquisadores aos 75 anos, como determina a Constituição Federal. Ele próprio, com uma trajetória iniciada na Embrapa em 1974, teme que o Brasil desperdice um valioso patrimônio intelectual, formado ao longo de décadas com recursos públicos, sem mecanismos de aproveitamento do conhecimento acumulado por esses cientistas veteranos.

O pesquisador destaca que muitos dos avanços sustentáveis na agricultura — como o uso de abelhas para aumentar a produtividade e reduzir emissões — foram desenvolvidos por essa geração. Ignorá-la, afirma, é relegar ao esquecimento talentos que ainda têm muito a contribuir. Em países desenvolvidos, há políticas para reter e valorizar esse capital humano. No Brasil, falta uma legislação complementar que garanta essa continuidade.

“O seu conhecimento, a sua experiência, que poderiam contribuir muito mais para o desenvolvimento do Brasil e do mundo será relegada ao baú do tempo, sem qualquer utilidade para a nossa sociedade. Quanto tempo e quanto dinheiro será necessário para que um eventual seu substituto alcance o mesmo nível de excelência? E que, ao atingir, será ceifado da mesma forma que ela o será… Não é assim que são tratados os cientistas de países desenvolvidos, que possuem inúmeros mecanismos para reter sua inteligência a serviço de suas nações e seus povos. Isso pode fazer toda a diferença no desenvolvimento das Nações”, conclui.
 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.