Batata: segredo genético revelado
A análise detalhada revelou que o genoma da batata é um mosaico

Um estudo internacional publicado na revista Cell revelou que a batata moderna surgiu há cerca de nove milhões de anos a partir de um cruzamento natural entre um ancestral do tomate e uma planta silvestre chilena do grupo Etuberosum. A pesquisa, liderada por Sanwen Huang, da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, resolve um mistério evolutivo que intrigava a ciência há décadas e reescreve a história genética de um dos alimentos mais consumidos do mundo. Esse evento de hibridização permitiu que as primeiras batatas formassem tubérculos subterrâneos, base para a diversificação de mais de cem espécies conhecidas atualmente.
Segundo a Dra. Sandy Knapp, também participante do estudo, a genética da batata é incomum: cada célula possui quatro cópias de cromossomos, característica chamada tetraploidia. Isso dificulta a criação de novas variedades, exigindo milhares de cultivares para possibilitar melhoramentos eficazes. Além disso, a reprodução vegetativa reduziu a pressão para o fitomejoramento tradicional, mantendo muitas variedades praticamente inalteradas por décadas, o que preocupa diante das rápidas mudanças climáticas e da necessidade de maior resiliência genética.
A análise detalhada revelou que o genoma da batata é um mosaico de elementos do tomate e do Etuberosum. Genes específicos de cada progenitor foram essenciais para o desenvolvimento dos tubérculos: o SP6A, proveniente do tomate, ativa o crescimento dos tubérculos, enquanto o IT1, do Etuberosum, regula os caules subterrâneos. Sem essa combinação genética, a batata como conhecemos não existiria. O estudo demonstra como a hibridização entre espécies pode gerar novos traços evolutivos e acelerar a diversificação de plantas, moldando culturas fundamentais para a alimentação humana.