Tarifa dos EUA não deve afetar peixe do Paraná
Cooperativas minimizam impacto tarifário

As possíveis mudanças na política tarifária dos Estados Unidos, que podem elevar as alíquotas de importação de pescados para 50% a partir de agosto, não devem impactar de forma significativa as exportações do setor pesqueiro paranaense. A avaliação é do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), conforme indicado no Boletim de Conjuntura Agropecuária publicado nesta quinta-feira (24).
De acordo com o levantamento do Deral, em 2024 o Paraná exportou 7,6 mil toneladas de peixes, com quase todo o volume destinado ao mercado norte-americano. As exportações somaram US$ 34,3 milhões, o equivalente a aproximadamente R$ 200 milhões.
Segundo os técnicos do Deral, caso a tarifa de fato seja implementada, o impacto financeiro sobre as principais cooperativas exportadoras do estado tende a ser pequeno. “O foco principal da operação, neste momento, é a abertura e consolidação de um novo segmento de mercado, e não necessariamente a obtenção de lucro”, aponta o boletim. As duas maiores cooperativas envolvidas nas exportações somam faturamento anual superior a R$ 32 bilhões. Assim, o efeito da medida representaria menos de 1% do total de receitas dessas organizações.
Ainda conforme o boletim, caso o cenário mais adverso se confirme e as exportações sejam inviabilizadas, a produção poderá ser redirecionada ao mercado interno sem risco de desequilíbrios. O Deral avalia que o consumo doméstico tem capacidade de absorver os volumes hoje enviados ao exterior, sem provocar oscilações de preços. Há também a possibilidade de ajustes operacionais por parte das cooperativas, como o adiamento da despesca ou a redução da criação nos ciclos seguintes.
O boletim também alerta para um cenário distinto em nível nacional. Em 2024, o Brasil exportou US$ 224,3 milhões em pescados. Estados como Ceará e Pará, onde a produção é mais pulverizada, podem enfrentar impactos maiores, sobretudo entre produtores de menor escala. Nesse caso, a elevação das tarifas pode comprometer a competitividade do setor em algumas regiões e exigir medidas de adaptação específicas.