O agro brasileiro já estava pressionado antes da guerra
O fechamento do Estreito de Ormuz não deve ser interpretado como um efeito pontual

O gargalo logístico mundial já estava previsto mesmo antes do ataque dos EUA no sábado, 21 de junho, de acordo com José Carlos de Lima Júnior, sócio-diretor da Markestrat e cofundador da Harven Agribusiness School. A operação de fertilizantes e combustíveis no Estreito de Ormuz é uma das maiores do mundo, mas para o agronegócio o sinal de alerta foi ligado bem antes desse episódio, envolvendo fatores estruturais e sazonais que pressionam a cadeia de suprimentos.
A Índia já havia se consolidado como importante fornecedora de princípios ativos para agroquímicos, reduzindo parcialmente a dependência da China. Antecipando riscos, o Brasil adiantou grande parte das importações necessárias no período pré-safra de 2025, o que garante certa proteção no curto prazo. Ainda assim, os custos de fretes marítimos registraram alta em junho, refletindo tensões já existentes nas rotas globais.
No segundo semestre, ocorre o chamado Peak Season, fase tradicional de saturação logística puxada por exportações de açúcar, algodão e outros produtos de safra. Portanto, mesmo sem qualquer conflito, o setor enfrentaria gargalos significativos. O ataque do dia 21 apenas adiciona uma camada extra de incerteza e pressão sobre um sistema que já vinha operando perto do limite, observa José Carlos de Lima Júnior.
Para ele, o eventual fechamento do Estreito de Ormuz não deve ser interpretado como um efeito pontual, mas como um fator cumulativo, agravando desequilíbrios logísticos que podem impactar custos e prazos de entrega no agronegócio global. As informações foram divulgadas na rede social LinkedIn.