Estamos realmente comendo um bom arroz?

A discrepância entre laudos de classificação e a realidade das mercadorias recebidas tem gerado preocupação no setor varejista. Segundo informações de Sérgio Cardoso, diretor de operações da Itaobi Representações, esse desencontro de dados prejudica tanto compradores quanto consumidores.

O problema ocorre quando a mercadoria chega ao centro de distribuição ou diretamente à loja acompanhada de um laudo que muitas vezes não corresponde ao produto descarregado. Com isso, o comprador nem sempre tem conhecimento do que realmente está sendo entregue, e o processo de pagamento avança sem que as divergências de qualidade sejam percebidas.

Casos recentes no setor de arroz exemplificam a gravidade da situação. Produtos classificados como de qualidade superior chegaram aos depósitos em condições muito abaixo do esperado, em alguns casos próximos de rejeito, sem padrão para consumo adequado. Também foram identificadas entregas de arroz com classificação elevada que, na prática, apresentavam aparência e qualidade bastante inferiores ao indicado na embalagem.

Esse tipo de falha compromete a confiança entre fornecedor, distribuidor e consumidor final, além de abrir espaço para distorções no mercado. A avaliação de Cardoso aponta para a necessidade de maior rigor na fiscalização e na transparência dos laudos de classificação, a fim de garantir que o produto comercializado corresponda efetivamente ao que está sendo vendido.

“O que acontece hoje é que o varejo recebe uma mercadoria no seu CD ou na sua loja com um laudo de classificação que muitas vezes não condiz com a mercadoria que está sendo descarregada. O comprador ou responsável pela loja não está ciente disso, a mercadoria chega no depósito, descarrega e vai sendo paga. Nós vimos vários casos, inclusive nesta semana, de arroz adquirido que, apesar do laudo de classificação como mercadoria parboilizada, era praticamente rejeito de arroz”, diz.