Mercado prevê disputa por soja no segundo semestre
Preços caem no RS; colheita chega a 95% no país

Segundo a análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema) referente a semana de (15/04 a 01/05), publicada na quinta-feira (01), com o Real se fortalecendo diante do dólar (R$ 5,67 em momentos desta semana), e mais a estabilidade dos prêmios em níveis mais baixos do que semanas atrás, a média gaúcha caiu para R$ 123,65/saco, com perdas de quase cinco reais em uma semana. A retração foi de quase R$ 5 em uma semana, influenciada pela valorização do real frente ao dólar, que chegou a R$ 5,67, e pela estabilidade dos prêmios em patamares mais baixos do que nas semanas anteriores. As principais praças gaúchas registraram preços de R$ 119,00 por saca, enquanto no restante do país as cotações oscilaram entre R$ 105,00 e R$ 118,00 por saca.
A colheita da soja no Brasil atingiu 95% da área total até o fim de abril. No Rio Grande do Sul, 88% da área foi colhida até o dia 30, acima da média histórica de 81%. Apesar da produção nacional confirmar recorde, os volumes ficaram abaixo das expectativas iniciais, impactados por perdas severas no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul.
A estimativa da iniciativa privada aponta para uma safra final de aproximadamente 165 milhões de toneladas, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta 167,9 milhões. Inicialmente, esperava-se um volume entre 173 e 175 milhões de toneladas. “O volume disponível de soja para comercialização pode ficar menor mais cedo do que o esperado no mercado brasileiro”, avaliou a Ceema, destacando que os compromissos de exportação no Brasil já superam em 20% os do ano passado.
Caso esse cenário se confirme, os prêmios podem subir no segundo semestre, elevando os preços pagos aos produtores no interior. A previsão é de que os estoques finais brasileiros de soja em 2024/25 encerrem em 3,06 milhões de toneladas, frente a 1,64 milhão no ciclo anterior, segundo a Pátria AgroNegócios.
Se o Brasil exportar cerca de 107 milhões de toneladas neste ano, os estoques poderão ser pressionados mesmo com safra recorde. O mercado, no entanto, segue atento ao comportamento da China e às negociações com os Estados Unidos. “Muito desta realidade dependerá do comportamento da China e suas reações em relação à guerra comercial com os EUA”, destacou a análise.
Enquanto isso, cresce a disputa entre exportadores e a indústria interna pelo grão da atual safra. “Se as moageiras deixarem para comprar um maior volume de soja no segundo semestre, a tendência será uma pressão altista sobre os preços locais da oleaginosa”, analisou a Ceema.
Alguns especialistas da Pine Agronegócio projetam que o consumo interno de soja no Brasil pode aumentar de 55,1 para 57,5 milhões de toneladas em 2024. Além disso, com os problemas enfrentados por indústrias na Argentina, como o caso da Vicentin, o Brasil poderá ampliar suas exportações de óleo e farelo, o que exigirá maior volume de soja para processamento. A expectativa é de que a China aumente suas compras nos próximos meses, especialmente no Brasil, caso persista a guerra comercial com os Estados Unidos.