Açúcar segue pressionado
“Esse movimento afeta diretamente as expectativas de preço do etanol"

O mercado mundial de açúcar continua pressionado pela predominância de fatores de baixa, refletindo a maior expectativa de oferta global para as próximas temporadas, segundo análise recente da Hedgepoint Global Markets. Os preços do açúcar bruto caíram mais de 3% desde o início de junho, atingindo 16,49 c/lb, nível não visto desde meados de 2021, quando os mercados ainda se recuperavam dos impactos da pandemia e do excesso de produção acumulado.
“Esse movimento afeta diretamente as expectativas de preço do etanol. Como o biocombustível tem cerca de 70% do conteúdo energético da gasolina, seu preço está intimamente ligado ao de sua contraparte de combustível fóssil. Os preços mais baixos da gasolina acabam, portanto, por limitar o potencial de alta do etanol, já que ao atingir o limite de preço de energia equivalente mais rapidamente faria com que a preferência do consumidor voltasse para a gasolina, agora mais barata”, explica Lívea Coda, Coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets.
No âmbito das exportações, o Brasil apresentou desempenho razoável em maio, com a região Centro-Sul exportando 2,1 milhões de toneladas, ligeiramente acima da média histórica, totalizando cerca de 2,25 milhões de toneladas somando o Norte-Nordeste. A expectativa é que os embarques se acelerem em junho, aumentando a oferta disponível no curto prazo. Apesar de uma possível redução nas compras da China na temporada 2024/25, o país ainda deve manter aquisições quando os preços forem altamente favoráveis. Já países como Argélia, Indonésia e Bangladesh reduziram seus volumes importados em relação ao ano anterior.
No cenário asiático, fortes chuvas na Índia geraram preocupação sobre atrasos no plantio da safra 2025/26, mas as previsões oficiais indicam que o país seguirá produzindo excedentes de açúcar por pelo menos duas safras consecutivas, mantendo a oferta líquida acima de 30 milhões de toneladas. A continuidade das exportações tailandesas também exerce pressão para baixo nos preços globais.
Lívea Coda ressalta que a maior disponibilidade no Hemisfério Norte, somada à menor paridade do etanol no Brasil, são os principais elementos que sustentam o sentimento negativo no mercado. Ainda assim, a analista aponta que há potencial para algum movimento de alta, especialmente com a aproximação do próximo relatório da UNICA, que deve trazer dados mais claros sobre o ritmo da colheita e a produtividade da safra atual.