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Aplicação de defensivos agrícolas

Como melhorar a aplicação e evitar perdas


Aplicação de defensivos agrícolas: como melhorar a aplicação e evitar perdas

Em praticamente todas as propriedades agrícolas, faz se o uso da aplicação de produtos fitossanitários. A utilização destes produtos tem por objetivo promover a proteção das culturas, e englobam herbicidas, inseticidas, acaricidas, fungicidas, dentre outros. O objetivo final da aplicação desses produtos é atingir o alvo biológico, seja ele inseto, ácaro, erva daninha (erva), fungos ou bactérias, dentre outras.

Em muitos casos, durante a aplicação pode ocorrer o desvio do produto em relação ao alvo, ocorrendo a chamada deriva. Toda vez que um produto é aplicado ocorre a deriva em menor ou maior quantidade. Deriva é o movimento de um produto no ar, durante ou depois da aplicação, para um local diferente do planejado para aplicação. A deriva reduz o efeito do produto, uma vez que a dose aplicada será menor, além de causar prejuízos econômicos, quando atinge culturas próximas da área de aplicação. Apesar de a eliminação completa da deriva ser impossível, os problemas podem ser reduzidos se a aplicação for realizada sob condições climáticas adequadas e com os equipamentos bem regulados. A seguir serão comentadas as principais causas da deriva e algumas medidas para reduzí-la.

A deriva é indesejável porque resulta em uso ineficiente do equipamento de aplicação e o tempo do operador; pode levar a uma sub-dosagem do produto e, conseqüentemente, em um controle ineficaz do problema, exigindo aplicações adicionais. Dessa forma, pode-se aumentar os custos de produção. A deriva pode causar perdas financeiras com ações na justiça por danos a culturas sensíveis adjacentes, contaminação não intencional de produtos comestíveis por resíduos do defensivo, contribuindo para a poluição do ar e recursos de água, dentre outros.

Fatores que afetam a deriva nas pulverizações:

1- Tamanho da gota: O tamanho da gota produzida é um dos fatores mais importante que afetam a deriva. Os diâmetros das gotas são medidas em micrômetros. Um micrômetro é 1/1000 do milímetro. Quanto menor o tamanho da gota, maior sua susceptibilidade à deriva e melhor a distribuição. Os principais fatores que afetam o tamanho da gota são o bico utilizado (define o tamanho da gota produzida); pressão de trabalho, quanto maior a pressão utilizada, maior será a quantidade de gotas pequenas, com facilidade de deriva; condições climáticas, ou seja, quanto maior a temperatura e a umidade relativa, maior a probabilidade de a gota produzida reduzir seu tamanho (secamento) e, conseqüentemente, ser perdida por deriva. Quanto menor o diâmetro da gota, menor será seu tempo de permanência no ar, sua velocidade e distância percorrida, podendo ser evaporada, antes de atingir o alvo. Dessa forma, maior será a probabilidade da gota ser aerotransportada e não atingir o alvo desejado.

Resultados de pesquisas evidenciam que há uma grande diminuição no potencial de deriva para gotas de diâmetros acima de 150 ou 200 micrômetros. Deve ser ressaltado que o potencial de deriva da gota, depende muito da velocidade do vento. Dessa forma, o potencial de deriva para determinados diâmetros de gota é insignificante dependendo da velocidade do vento. No entanto, a deriva pode muito grande, quando as gotas são menores que 150 micrômetros e a velocidade do vento é elevada. Gotas menores podem ser deriváveis por longas distâncias, devido a seu baixo peso.

2-Tipo de bico: A maioria dos pulverizadores agrícolas atuais usa bicos hidráulicos para atomizar o líquido em gotas. Bicos hidráulicos produzem um amplo espectro de tamanhos de gotas. Atualmente, existem bicos no mercado, que produzem gotas relativamente grandes, as quais estão menos sujeitas às derivas. No entanto, gotas muito grandes podem não dar uma boa distribuição dos produtos aplicados, como desejado. Os bicos leque de maior ângulo também devem ser preferidos, uma vez que o leque maior permite trabalhar com menores alturas da barra de pulverização, diminuindo-se os efeitos nocivos dos ventos. Quando o tamanho do orifício da ponta aumenta, o tamanho da gota geralmente aumenta também, enquanto o percentual de gotas pequenas diminui. Porém, têm se preferido os bicos de menor capacidade de vazão, pois eles requerem menor volume de calda por área.

3- Altura da barra de pulverização do alvo: A velocidade do vento é normalmente maior quanto maior for a altura em relação ao solo. Dessa forma, quanto mais próximo do solo estiverem os bicos do seu alvo, menor probabilidade de ocorrer deriva. Porém, abaixando-se a barra sem fazer ajustes nos espaçamentos dos bicos poderemos produzir uma faixa de pulverização irregular com faixas sem tratamento, principalmente se forem utilizadas pontas de jato leque. Este problema pode ser reduzido usando-se uma ponta de maior ângulo (110º). Dessa forma, abaixando-se a barra deve-se observar se o leque está sendo formado. Para bicos comuns recomenda-se que a altura da barra deve ser igual ao espaçamento entre bicos. Assim, se os bicos estiverem espaçados a 50 cm, essa deve ser a altura da barra em relação ao alvo. A utilização de bicos especiais anti-deriva permite a redução da altura de trabalho e, conseqüentemente, a redução da probabilidade de deriva.

4- Pressão de pulverização: A pressão de pulverização exercida sobre o bico hidráulico fornece energia para quebrar o fluxo do liquido em gotas, este é um fator fundamental para regular tamanho de gota pulverizada. Em geral, maiores pressões produzem gotas menores. Um estudo desenvolvido na Universidade de Ohio demonstrou que o aumento da pressão de 20 para 40 psi dobrou a quantidade de gotas menores que 100 micrômetros, ou seja, gotas sujeitas à deriva. Conclui-se que reduzindo a pressão, a deriva é reduzida, uma vez que gotas maiores serão formadas. No entanto, se um bico é operado abaixo da pressão recomendada, a cobertura efetiva será afetada, resultando numa sobreposição inadequada e uma má distribuição ao longo da barra. A maioria dos bicos opera adequadamente numa pressão de trabalho na faixa de 30 a 50 psi (2 a 3,5 bar). Deve-se trabalhar com a pressão indicada pelas empresas fabricantes.

5- Orientação do bico: A orientação do bico não é tão crítica para aplicações no solo (barra), comparada às aplicações aéreas. No entanto, para realizar uma boa aplicação, os bicos devem ser posicionados com um ângulo de cerca de 5 a 10% em relação à barra de aplicação.

6- Evaporação das gotas: Como carregadores de água, as gotas se tornam menores à medida que caem, por causa da evaporação. Para aplicações com pulverizadores de barra, gotas iguais ou menores que 50 micras evaporarão completamente antes de alcançar o objetivo, permitindo que o produto puro se disperse. Gotas maiores que 200 micras terão pouca redução em tamanho antes de alcançar o alvo. Evaporação das gotas entre 50 e 200 micras é significativamente afetada pela temperatura, umidade e outras condições do tempo. Algumas formulações de defensivos são mais voláteis que outros.

7- Velocidade e direção do vento: Fatores como o tamanho da gota e sua velocidade descendente, turbulência de ar e altura da barra afetam a distância que uma gota percorre antes de se depositar no alvo. Porém, velocidade do vento normalmente é o fator mais crítico de todas a condições meteorológicas que afetam a deriva. Quanto maior a velocidade de vento, maior distância para fora do alvo que uma gota de um determinado tamanho será levada. Quanto maior a gota, menos afetada pelo vento será e mais rápido cairá. Porém, ventos altos podem desviar gotas maiores para fora do alvo. A direção do vento é tão importante quanto à velocidade na redução do dano causado pela deriva. A presença de culturas sensíveis próximas ao local de pulverização, particularmente na direção do vento é um dos principais fatores a serem avaliados antes de iniciar as pulverizações. No entanto, é freqüentemente negligenciado. Verifique a direção do vento. Havendo culturas sensíveis próximas, deixe uma faixa de segurança de pelo menos 50 m. Pulverize mais tarde quando as condições melhorarem. Caso a velocidade do vento seja excessiva, pare a pulverização.

8- Umidade e temperatura: Umidade relativa e temperatura atuam juntas afetando a deriva, provocando a evaporação da água e diminuindo o tamanho das gotas, quando a umidade é baixa e a temperatura é elevada. A temperatura influencia a deriva de outras maneiras, além de seu efeito na perda por evaporação das gotas. A volatilidade do produto aumenta com o acréscimo da temperatura. Evite trabalhar em horários de alta temperatura e baixa umidade, trabalhando nas horas mais frescas do dia - inicio da manhã e fim de tarde. A umidade relativa é normalmente mais alta durante estes períodos frescos.

9- Pontas de deriva reduzida: Os principais fabricantes de bicos de pulverização recentemente introduziram no mercado as pontas de pulverização de baixa deriva. Estas pontas são projetadas para criar gotas médias a grossas com a mesma taxa de fluxo e pressão operacional que as de jato plano padrão.

A boa regulagem dos equipamentos, melhora a aplicação, a atuação dos agrotóxicos e evita perdas financeiras.

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