Ocorrência de pulgão em milho na região Sul do país
O clima seco que predominou no início da safra é a provável causa do aumento na população do inseto
Ocorrência de pulgão em milho na região Sul do país
O pulgão-do-milho, cujo nome científico é "Rhopalosiphum maidis", possui coloração do corpo verde-escura e patas pretas e seu tamanho médio (quando completamente desenvolvido) é de 1,5 mm.
Os pulgões são insetos sugadores que se alimentam pela introdução de seu aparelho bucal nas folhas novas das plantas. Nas regiões onde os invernos são amenos, caso do Brasil, não ocorrem machos e sua reprodução é assexuada, sendo realizada exclusivamente por partenogênese telítoca, isto é, os embriões desenvolvem-se no interior do corpo das fêmeas, a partir de óvulos não fecundados, originando novas fêmeas. A temperatura ideal para o desenvolvimento dos pulgões fica entre 18 e 25o C que, em média, 6 dias depois do nascimento atingem a fase adulta. Nestas condições de temperatura e com clima seco, estes insetos apresentam alta capacidade de proliferação com cada fêmea podendo parir até 10 ninfas por dia. Fatores climáticos como vento e chuvas freqüentes são desfavoráveis ao desenvolvimento deste inseto.
Provavelmente a ocorrência de altas infestações do pulgão-do-milho nesta safra esteja associada ao clima seco que predominou até o final de janeiro. Esta característica, combinada com altas temperaturas, beneficia o rápido desenvolvimento e dispersão deste inseto, que ao colonizar lavouras novas não é percebido pelos agricultores. Os indivíduos alados, responsáveis pela dispersão, se alojam no cartucho formando novas colônias que se desenvolvem no pendão em formação e só serão visualizadas no estádio de pendoamento (VT), quando a população já está bem alta e, muitas vezes, a produção comprometida.
Uma vez que este inseto é considerado praga secundária na cultura do milho, pouca importância foi dada até o momento para a quantificação e qualificação dos danos por ele causados. Entretanto, em outros países, trabalhos científicos mostram que as infestações que ocorrem nos estádios vegetativos (V6-V18) ou até o pendoamento (VT) são as mais comprometedoras, quanto mais cedo ela ocorrer maior será o dano e dependendo do tamanho da colônia de pulgões no pendão, a redução na produção pode chegar a 65%.
A redução na produção não está associada ao dano ocasionado pela alimentação do pulgão, mas principalmente pela solução açucarada secretada por estes insetos que compacta os grãos de pólen, causando falhas na polinização e deficiências na formação das espigas. Além disso o pulgão-do-milho pode ser vetor de viroses, principalmente transmitindo o vírus do mosaico comum do milho, doença que tem se destacado nos últimos anos devido ao aumento em sua incidência e às perdas que pode causar na produção.
Dentre os procedimentos para se evitar o ataque deste inseto podemos citar a escolha de cultivares menos susceptíveis a este inseto; evitar realização de plantios em diferentes épocas para não haver a existência de plantas de milho de diferentes estádios em área ou raio próximos; realizar o tratamento de sementes utilizando inseticidas sistêmicos com o objetivo de evitar a infestação precoce nas lavouras de milho, que se constituem na fase mais suscetível da planta; efetuar o monitoramento, observando em detalhe plantas ao acaso na região do cartucho; e, ao atingir o nível de 10% de plantas com colônias desenvolvidas, entrar com medidas de controle, preferencialmente usando inseticidas de ação sistêmica.
A diferenciação entre perdas causadas por estiagem e perdas causadas pela ação do pulgão-do-milho é uma tarefa difícil, uma vez que a ocorrência de infestações do inseto é estimulada pelo clima seco e os danos finais são similares, ou seja, má formação das espigas. Enfim, o produtor precisa estar consciente que, quando houver previsão de clima seco, um monitoramento intenso das lavouras deve ser realizado para evitar o aumento e a disseminação das populações do pulgão-do-milho e seus conseqüentes danos.