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Confirmado 1º caso de nova doença da mandioca

Descoberta auxilia no avanço das pesquisas de melhoramento genético da cultura e controle da doença


A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) registrou no Brasil o primeiro caso da doença Queima-do-fio da mandioca no mundo. Análises moleculares e biológicas identificaram o fungo Rhizoctonia solani AG-1 IA, que ataca a parte aérea da planta, em lavouras no município de Mâncio Lima, na região do Juruá, maior polo produtor de mandioca do estado do Acre

A descoberta foi publicada na revista Australasian Plant Disease, sendo divulgada pelo Portal chinês Agropages. Com essa identificação, coordenada pelo pesquisador da Embrapa Acre Amauri Siviero, é possível avançar nas pesquisas para o melhoramento genético da cultura e recomendação de medidas eficazes de controle da doença.

“Em expedições a campo verificamos que cerca de 10% das plantas dos roçados apresentavam características de queima nas folhagens. A partir de amostras de materiais infectados, coletados em diferentes cultivos, realizamos testes de patogenicidade para caracterização e reprodução dos sintomas da doença em laboratório. Com base no material isolado, foram feitas análises moleculares e biológicas para identificação do fungo (patógeno). Os resultados nos permitiram concluir que essa doença nunca foi relatada na cultura da mandioca em nenhum país”, destaca Siviero.

No Brasil, o fungo Rhizoctonia solani AG-1 IA já foi identificado atacando culturas como o feijão, café, arroz, batata, soja, milho e seringueira, entre outras, sempre associado à queima e apodrecimento de determinada parte da planta (raízes, folhas e sementes). A sua principal forma de disseminação é pela ação do vento.

“A Queima-do-fio da mandioca provoca a necrose de ramos e folhas que escurecem, secam e adquirem aspecto de queimado, como se um lança-chamas tivesse passado pela lavoura. Os sintomas da doença evoluem rapidamente e as folhas lesionadas se desprendem do caule e ficam penduradas por um fio branco, que é o próprio corpo do fungo”, explica Siviero.

“Devido à predominância de surtos situados ao lado de extensões florestais, acreditamos que o fungo pode ter migrado de plantas hospedeiras, do interior da mata, para as lavouras. Outra hipótese é que esse patógeno tenha sofrido um processo de especialização como parte do processo natural de evolução para se adaptar a novos hospedeiros”, analisa o cientista.

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