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Maria-sem-vergonha descontamina solos

Planta ornamental consegue reter quantidades significativas de metal pesado em suas raízes


Foto: Wikipedia

Uma das flores mais comuns e abundantes nos jardins e ruas do Brasil pode ganhar uma nova utilidade – e importância – totalmente inesperada. Um estudo da Faculdade de Agronomia da UBA (Universidade de Buenos Aires, Argentina) apontou que a popular ‘maria-sem-vergonha’ (Impatiens walleriana) é capaz de descontaminar solos com chumbo (Pb). 

De acordo com os pesquisadores argentino, os resultados indicam que a planta ornamental consegue reter quantidades significativas deste metal pesado em suas raízes. O estudo segue agora sobre como criar aplicações práticas em ambiente urbanos e rurais.

“A ideia era investigar a Impatiens walleriana como fitorremediador de solos contaminados com chumbo. Pela bibliografia já sabíamos que a ‘maria-sem-vergonha’ é uma espécie esteticamente muito bonita e que possui características que a tornariam boa para a captação de metais pesados do solo”, disse Mercedes Ramacieri, recém-graduada no curso de Licenciatura em Ciências Ambientais Sobre La Tierra (LiCiA-FAUBA), sob a direção de Johanna Chirkes, professora da cadeira de Ciências do Solo daquela Faculdade e Doutora em Ciências Veterinárias (UBA).

Ramacieri, que já é professora de Bioindicadores e Química da Poluição e Toxicologia afirma que “esse tipo de problema ambiental costuma estar associado às fundições e indústrias metalúrgicas, à existência de lixões ilegais e também à circulação de veículos. Por isso torna-se mais agudo nas grandes cidades e, como o chumbo é um metal pesado, persiste no meio ambiente enquanto o solo não for sanado”.

“Meus resultados mostram que I. walleriana pode funcionar bem como remédio de solos com chumbo, já que, do total desse metal medido nas três partes, as raízes conseguiram reter até 46% no tratamento de 500 mg de chumbo/L. Por sua vez, o substrato reteve ainda mais: até 83% quando aplicados 1000 mg de chumbo/L. Finalmente, os líquidos lixiviados continham uma porcentagem mínima, embora significativa, de até 1% no tratamento de 1000 mg de chumbo/L”, apontou ela.

“O chumbo que as plantas absorviam ficava principalmente retido nas raízes. O fato de haver pouco chumbo nas folhas e flores torna a ‘maria-sem-vergonha’ ideal para a limpeza de solos com esse metal pesado. Do contrário, com a renovação da folhagem e da floração, o chumbo pode voltar ao solo”, conclui ela.

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