RS: produtores pedem suspensão do 2,4-D
Pedido foi feito por fruticultores e vinícolas do Estado
Produtores de frutas e vitivinicultores gaúchos foram a Justiça pedir a proibição do herbicida 2,4-D no Rio Grande do Sul. A ação é movida desde dezembro de 2020 e o governo do Estado tem até fevereiro para se manifestar.
A Associação Vinhos da Campanha Gaúcha e Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi) argumentam que o problema da deriva causado pela má aplicação do defensivo na soja segue afetando as culturas sensíveis e gerando prejuízos. Só na uva estima-se que um milhão de garrafas de vinho deixarão de ser produzidas pela falta da fruta nos pomares. As entidades querem que o Estado ache formas mais efetivas de fiscalizar, monitorar e promover a deriva zero.
O problema vem desde 2018 e desde então instruções normativas passaram a regular a aplicação, o aplicador e treinar produtores para aplicarem as boas práticas agrícolas. Nesta safra houve queda de 25,89% nas amostras contaminadas por 2,4-D, segundo a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. Em 2019, o índice de contaminação passou dos 88%, e agora está em 62,34%. O volume de denúncias pelos canais oficiais criados para isso aumentou mais de 11%.
O número de municípios com amostras positivas para 2,4-D diminuiu: 31 tiveram registro de deriva no período de agosto a dezembro de 2020, contra 42 na safra anterior. As culturas mais afetadas foram videiras, nogueiras-pecã e hortaliças. O tabaco, que não teve notificação em 2019, computou quatro ocorrências nesta safra.
O 2,4-D é uma das formas mais baratas de controlar as plantas daninhas no pré-plantio da soja e, por isso, bastante usado pelos produtores. A média é de R$ 13,22/hectare. O aumento médio de custo se o produtor utilizasse outros herbicidas nessa mesma cultura seria de 350% a mais no custo do manejo de pragas, uma vez que o gasto médio com outros herbicidas é de R$ 58,82/hectare.
O que as entidades querem é que a aplicação seja feita de forma correta. "O uso incorreto ameaça a diversificação de culturas no Estado. Quando atinge um pomar, o 2,4-D mata plantas novas e atrofia as adultas, que não frutificam ou frutificam menos, em um problema que se repete há anos”, argumenta o presidente da Associação dos Vinhos da Campanha, Valter Pötter. As perdas já passariam de R$ 200 milhões aos produtores de culturas sensíveis.
Confira no vídeo mais sobre o 2,4-D e como a deriva foi reduzida no estado gaúcho com denúncias e monitoramento: