O ex-ativista do Greenpeace, Patrick Moore, defendeu o plantio clandestino de transgênicos ontem (17-06) no primeiro dia do Seminário Internacional sobre Organismos Geneticamente Modificados, na Fiergs, na Capital. Disse que ao longo da história a desobediência civil tem sido usada pelas pessoas como instrumento na luta contra decisões erradas e injustas tomadas pelo Estado. A batalha contra o trabalho infantil e o apartheid na África do Sul foram citados como exemplos.
Dissidente do Greenpeace, Moore criticou os ambientalistas. Disse que a transgenia é solução para acabar com a fome, a desnutrição dos países subdesenvolvidos e possibilita que a pequena propriedade supere sua produção, sem mexer em áreas que devem ser reflorestadas. "O Greenpeace prefere que as pessoas morram de fome ao invés de comer transgênicos." Moore afastou-se do movimento em 1986, quando segundo ele, trocou a política do confronto pela do consenso. Ele acha que o Brasil tem condições de tornar-se referência na pesquisa de OGMs.
Ao encerrar sua participação no encontro desejou "pela saúde das pessoas, pelo ambiente e sua proteção, vida longa aos transgênicos". Os argumentos de defesa do professor da Universidade de Buenos Aires, Moisés Burachick, baseou-se em estudos técnicos. O argentino disse que não existe informe de toxicidade, alerginidade ou outra indesejável conseqüência dos OGMs. "Não há comprovação cientifica de que os transgênicos são prejudiciais à saúde."
A dirigente do Greenpeace Brasil, Mariana Paoli, rechaçou as afirmações de Moore. Ela argumenta que a fome é gerada pela má distribuição de renda, lembrando que dados da FAO demonstram que a produção mundial já é suficiente para alimentar com sobra a população de todo o planeta. "Dizer que o Greenpeace prefere ver as pessoas morrerem de fome é falácia. Nós só não acreditamos que uma tecnologia, hoje dominada 90% por uma multinancional, irá resolver o problema."
O Greenpeace divulgou nota sobre a participação de Moore na organização após ele ser apresentado como membro fundador. O documento garante que Moore nunca foi presidente ou diretor da entidade. "O Greenpeace nasceu em 1971, por uma iniciativa da qual participaram muitas pessoas, entre elas Patrick Moore". Diz ainda que ele trabalhou muitos anos para a organização, mas nunca na campanha de OGMs, instituída após sua saída da organização. A nota denuncia que desde 1991, Moore representa a Aliança Florestal British Columbia, grupo criado e financiado pela indústria madereira do Canadá.