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Insumos 50% mais caros para o campo


Cotações subiram mais que a inflação e a tendência é de preços elevados no segundo semestre. Os produtores rurais já começaram a comprar adubo, sementes e herbicidas para o plantio da próxima safra de verão e não gostaram nada do que estão vendo. "Os preços subiram muito em relação à safra passada. O dólar caiu, mas os insumos subiram", diz José Nardes, produtor de soja de Primavera do Leste (MT). No ano passado, Nardes pagou R$ 60 por um fungicida contra a ferrugem da soja. "Fui a uma loja e o mesmo produto não é vendido por menos de R$ 120", afirma.

De acordo com uma cesta de 16 insumos utilizados nas culturas de milho e soja - entre sementes, adubos, calcário e herbicidas -, os preços subiram 50,9% entre abril de 2002 e abril de 2003, informa o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à secretaria de Agricultura do Paraná. Somente a uréia (tipo de adubo) subiu 82,1%. Em igual período, a inflação medida pelo IGP-M foi de 32,9% e o dólar teve valorização de 22,3%.

"No ano passado, o dólar subiu quando a maioria dos produtores já tinha comprado os insumos. Neste ano, os agricultores vão absorver essa alta integralmente, já que os preços vêm caindo de forma muito lenta", diz Margorete Demarchi, agrônoma do Deral. O produtor de soja tem sua renda atrelada à variação do dólar, já que seus custos são dolarizados e sua produção é exportada na forma de grão, farelo e óleo.

A tendência de preços dos adubos para o segundo semestre é ainda pior: "Historicamente, os preços sobem mais quando a demanda é maior, na segunda metade do ano", diz Carlos Alberto Pereira da Silva, diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Cerca de 40% das vendas de adubo são fechadas no primeiro semestre e o restante, no segundo.

Silva diz que os preços se mantêm firmes porque a matéria-prima do adubo é importada e, portanto, sujeita às oscilações do mercado internacional. "A matéria-prima subiu por conta da guerra contra o Iraque e ainda não recuou para os níveis pré-guerra", diz Silva.

Com exceção da uréia importada, que subiu 72,9% entre abril de 2002 e abril de 2003, as demais matérias-primas se mantiveram estáveis - caso do cloreto de potássio - e outros, como o superfosfato triplo, sofreram variação de 9%, conforme dados fornecidos pela própria Anda, que representa 118 empresas do setor.

Semente em alta

As sementes também apresentaram altas expressivas. A saca de 50 quilos de semente de soja certificada subiu 44,2%, para R$ 62, informa o Deral. Nenhum porta-voz da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem) foi encontrado para comentar o assunto.

"Calculo que meus custos serão 30% maiores nesta safra, em comparação com a anterior", diz o produtor Antonio Pedrini, de Maringá, interior do Paraná. Pedrini pretende plantar 1,5 mil hectares com soja neste ano. Dessa área, 600 hectares são de solo arenito e, portanto, precisam ser corrigidos com calcário.

O plantio da safra de verão só começa em outubro e Pedrini já começou a se preparar. Neste mês, fez as primeiras compras de sementes, adubos, herbicidas e calcário. "Procuro comprar o máximo que posso agora porque os preços sobem à medida que se aproxima o plantio da safra", diz Pedrini. Ele recebe a mercadoria agora e faz o pagamento em outubro, quando já terá terminado de negociar a sua safra de soja 2002/03, que está armazenada.

Em 2003/04, Pedrini pretende usar sementes mais produtivas que, acredita, lhe garantirão uma produtividade de 55 sacas por hectare, ou 14,6% superior à de 2002/03 quando sua lavoura foi afetada por fungos e precisou ser replantada.

Capitalizado, o produtor rural deverá investir nas lavouras neste ano. A Anda prevê que as vendas de adubos serão 7% maiores, totalizando 20,5 milhões de toneladas.

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