O índice de preços agrícolas recebidos pelos agricultores (IPR) registrou queda de 2,35% no mês de junho e de 2,42% no primeiro semestre de 2003, segundo levantamento realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA). A queda, em geral, deve-se ao aumento da oferta e à redução do poder de compra do consumidor. "No mês de junho os preços foram pressionados pela intensificação da colheita da safra 2002/03, queda das cotações no mercado internacional e aumento da valorização do real", informa Nelson Martin, economista do IEA.
Entre os produtos que apresentaram as maiores quedas no mês de junho, destacam-se o tomate, com redução de 42,31%, a batata, que caiu 36,8%, a cebola, cujos preços recuaram 30,43%, o feijão, com 16,02%, o café, com 11,65%, e o algodão, com 10,26%. Com isso, o grupo de produtos olerícolas, apresentou queda de 38,54%, a mais expressiva do período. Já no segmento animal, a alta nas cotações de todos os produtos levou à variação positiva de 3,32% nos preços do grupo. Os itens que mais pesaram no aumento foram as aves, com alta de 9,84% e o leite, com aumento de 6,38%. Além disso, os preços do boi gordo, ovos e suínos também subiram respectivamente 0,94%,1,91% e 0,51%.
Já a queda de 2,42% apurada no primeiro semestre do ano deve-se ao aumento da oferta. "Muitos produtos iniciaram o ano em alta e começaram a cair a partir de abril, com o aumento da oferta e a redução do poder de compra do consumidor", diz Martin. No mesmo período em que os preços agrícolas recuaram, a variação do IGP-M foi positiva (5,90%), e o IPC-Fipe para o período está estimado em 4,93%, o que indica perda de poder de troca no período de 8,32%, para os agricultores, em relação ao IGP-M e de 7,35% frente ao índice da Fipe.
"Os preços agrícolas neste ano estão crescendo em níveis muito inferiores aos dos indicadores de inflação", diz Martin. Entre os produtos com quedas mais acentuadas estão o tomate (35,71%), o milho (35,35%), a laranja (25,58%), o feijão (23,23%), e a soja (20,50%). Já os que apresentam as maiores altas são banana (51,27%), cana-de-açúcar (22,81%), leite(19,05%), e arroz (12,61%).
Segundo semestre
Para o segundo semestre, as projeções indicam queda de preços. "Pode haver alguns ganhos com os produtos de origem animal, mas os demais itens devem se manter em queda", diz o economista. A retração deve ser sustentada pelo aumento da oferta no mercado interno. Com o dólar em queda, produtos antes destinados à exportação serão deslocados para o mercado interno. No segundo semestre de 2002, os preços agrícolas subiram 30%.