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Brasil recorre ao Bird para estocar café


O governo brasileiro vai solicitar ao Banco Mundial (Bird) recursos para a estocagem de café. A proposta foi apresentada pelo secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, Linneu Costa Lima, durante a reunião da Organização Internacional do Café (OIC), em Londres. Nos próximos dias, representantes dos exportadores, indústria e da instituição financeira estarão reunidos no ministério para discutir o programa de estocagem.

A proposta do setor produtivo é que sejam liberados entre R$ 500 milhões e R$ 650 milhões para a estocagem de 4 a 5 milhões de sacas de café, ou seja, o equivalente às exportações de um mês e meio do setor. "Não é uma estocagem no sentido de retirar produto do mercado, mas sim o giro", diz Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Segundo ele, quando o governo apenas financia a produção, o mercado fica sem liquidez porque a indústria trabalha com compras a curto prazo.

Instrumentos disponíveis

Lima disse que serão os exportadores e as cooperativas que vão fazer a proposta para o governo. "Hoje os exportadores não têm linha de financiamento", diz. Isto porque os Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs) têm giro de apenas 60 dias. A intenção do governo é financiar a estocagem por um período de 180 dias.

Fontes do ministério dizem que como a instituição financiou a produção do grão, poderia estar se sentindo co-responsável pela baixa dos preços internacionais. Recentemente, em reunião com o ministro Roberto Rodrigues, o presidente da OIC, Néstor Osório havia solicitado empréstimo do Banco Mundial para a reconversão das lavouras, ou seja, para que os produtores tivessem recursos para a rotação da cultura.

Safra brasileira

A safra brasileira de café está estimada entre 35 milhões e 40 milhões de sacas de 60 quilos este ano, um volume 40% menor que o total colhido no ano passado.

A redução se deve ao ciclo de produção da cultura, que é bianual. Notícias veiculadas recentemente causaram temores sobre a possibilidade de registro de geadas nas regiões produtoras do Brasil e impulsionaram os preços do grão. Em trinta dias as cotações futuras do café registraram alta de 3,6% na bolsa de Nova York.

Os produtores rurais aguardaram por muitas semanas as normas para os leilões de contratos de opção de café, que significa na prática uma política de garantia de preços mínimos para o setor.

Segundo as regras adotadas pelo Ministério da Agricultura o produtor compra o direito de vender para o governo a safra por preço previamente estipulado. Os contratos são de R$ 190 para entrega em setembro e R$ 195 para entrega em novembro. Segundo fontes do mercado, a medida visa estimular os preços do produto no mercado. A expectativa é de que sejam adquiridas 3 milhões de sacas.

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