CI

Autoridade francesa afirma que toda soja transgênica importada é utilizada para ração animal


“A soja transgênica que a França importa é utilizada como ração animal, em breve esta atitude deverá se estender ao consumo humano”, essa é a afirmação da diretora de Assuntos Regulatórios, Pesquisa e Coordenação de Controle para os Alimentos na França, Florence Castel, que tratou sobre transgênicos durante sua palestra no Fórum Permanente do Agronegócio, dentro da I etapa intitulada Seminário Internacional sobre Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), encerrado nesta quarta-feira (18-06), em Porto Alegre.

Porém, ela declara essa posição partindo do pressuposto que a França não tem como realizar testes para detectar grãos geneticamente modificados. Esta é uma atitude da União Européia (UE) em relação ao tema e o país francês acata essa decisão. Com uma legislação mais suscetível sobre a questão da transgenia, a Europa vem utilizando organismos geneticamente modificados (OGMs) desde meados dos anos 90, de acordo com ela.

Mas para conseguir entrar no mercado europeu, algumas barreiras são impostas. A UE exige, por exemplo, que seja enviado um pedido para a regulamentação de qualquer produto geneticamente modificado a ser rastreado. E para se obter uma resposta o tempo de espera pode ficar entre um a um ano e meio. Florence enfatizou que a França, por sua vez, não é contrária aos OGMs, por isso, prioriza a livre escolha, tanto para o que o agricultor deseja plantar quanto à livre opção dos consumidores. “Essa é uma questão de mercado, o governo não interfere em nada sobre este aspecto”, retrata.

A intenção da União Européia é que haja diversidade nas diferentes maneiras de produzir e comprar soja, possibilitando alternativas mais amplas. “A UE está trabalhando para que os três cultivos de soja, a transgênica, a convencional e a orgânica tenham espaço no mercado. A França vem investindo cada vez mais em pesquisas, prevenção e transparência sobre os testes para que não haja maiores danos ao ser humano”, destaca.

Para o presidente da Embrapa Trigo de Passo Fundo, Benami Bacaltchuk, a França prefere que o Brasil não libere o plantio de transgênicos para forçar queda nos preços dos Estados Unidos, maior produtor de soja modificada do mundo. “Se o Brasil mantiver a proibição de transgênico, a França poderá alegar que prefere comprar soja convencional, e, desta forma, pressionar os Estados Unidos a reduzir a cotação da soja modificada. Esta é uma forma inteligente de estipular o valor do produto que considera adequado”, ressalta.

Hoje, a França importa entre 14 a 15 milhões de toneladas de soja por ano, e, conforme uma pesquisa realizada no país em relação ao consumo de transgênicos, 80% da população compraria algum produto geneticamente modificado. “O grosso da população francesa prefere alimentos que tenham preços mais baixos. E os OGMs reduzem significativamente o custo da lavoura”, finaliza Bacaltchuk.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.