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Deputado pede revisão de processo da soja RR


"A liberação da soja Roundup Ready (RR), da Monsanto, em 1998, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), aconteceu dentro de um processo irregular, suspeito, ilegal e imoral". A declaração é do deputado Edson Duarte (PV-BA), que apresentou hoje (22/07) no plenário da Câmara um Requerimento ao Executivo para que faça uma revisão do processo que culminou na primeira liberação comercial (e a única, até o momento) de cultivar transgênica, no Brasil.

O deputado resolveu adotar estes procedimentos depois de ter acesso às notas taquigráficas da 5ª reunião extraordinária da CTNBio, de 24 de setembro de 1998, quando se aprovou a liberação da soja RR. Essas notas mostram que o processo decorreu numa rapidez impressionante – somente 3 meses, quando na Argentina demorou 3/4 anos. "O presidente da CTNBio, na época, Luiz Antonio Barreto de Castro, levou o texto pronto, como se fosse uma nota à imprensa, pediu pressa na sua aprovação, sem considerar que era um ato que dizia respeito à biossegurança de todos os brasileiros". Outro aspecto indecente, apontado pelo deputado, é o fato dos membros da CTNBio demonstrarem ignorância no assunto.

De acordo com o deputado, as notas taquigráficas mostram que membros da CTNBio mantinham relação direta com a Monsanto, a quem solicitaram opinião sobre o texto. E mais: o representante da Monsanto esteve presente à reunião que aprovou a soja produzida por sua empresa. "Além dessa promiscuidade entre um órgão público e uma empresa multinacional, o que mais nos choca é a irresponsabilidade; é o fato da liberação ter ocorrido sem que os membros da CTNBio, cientistas eméritos, tivessem à mão um só estudo feito no Brasil ou no mundo, que garantissem que a saúde da população não corria risco", disse Edson Duarte.

Também com o objetivo de revisar o processo da soja RR e punir os que agiram contra os interesses públicos, o deputado está dando entrada numa Representação junto ao Ministério Público Federal e solicitando abertura de investigação à Controladoria Geral da União.

Depois que a CTNBio liberou a soja RR, as pretensões da Monsanto foram barradas graças a uma ação judicial apresentada pelo IDEC e Greenpeace em 1999. Em 2003, diante do volume da colheita de soja ilegal colhida no Sul do país, o Governo Federal aprovou uma Medida Provisória que libera a comercialização da soja RR até o início de 2004. A proposta do deputado mexe nas origens do processo. "Ele começou errado, com o Governo querendo impor uma nova tecnologia, passando por cima do bom senso e da ética", concluiu o parlamentar.

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