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O time da produção


Governo terá de fazer sua seleção no setor agrícola

Embora prefira sempre me comunicar através de pensamentos abstratos, que exigem capacidade de síntese elaborada, recorro ao recurso de metáfora tão do gosto do atual governo. O nosso time é o da produção. A escalação é a da competência; a regra do jogo, a Constituição da República; e o juiz, o Poder Judiciário. Os resultados do campeonato estão no vigor, competitividade e desempenho do setor agrícola da última década. Seria repetitivo explicitar as vitórias alcançadas pelo produtor rural profissional brasileiro.

No Brasil, reforma agrária ainda significa, quase que de maneira exclusiva, desapropriações de terra e assentamentos. O debate nacional concentra-se nisto. Os agentes sociais oferecem total prioridade para essas intervenções. É preciso hoje refletir: esta prioridade equacionou a questão social no campo? Não seria preciso trabalhar com visão mais ampla, procurando outras maneiras que possam alterar a estrutura social do campo com maior eficiência e modernidade?

É preciso ampliar o debate. Reforma agrária precisa ser mais do que terra e, portanto, muito mais do que desapropriações e assentamentos. Ao tratar a questão social do campo sendo como de exclusiva ou, no mínimo, de prioritária responsabilidade da distribuição de terra, ignora-se causa real de marginalização social. Os investimentos sociais em saúde, educação básica e tecnológica, os instrumentos de política agrícola e de comércio exterior, a obsoleta estrutura tributária ficam em um longínquo segundo ou mesmo terceiro plano.

O desemprego e a recessão econômica no País de maneira geral são ignorados pelos movimentos sociais do campo. A jurássica expressão do latifúndio é apresentada como responsável pelo agravamento da atual crise social. O crescimento econômico da agricultura, praticamente único setor que vai bem na economia brasileira, é menosprezado. Mais do que isto: chega a ser atacado como problema e não solução na geração de emprego e renda para a nação brasileira.

É preciso progredir. Olharmos para frente procurando soluções modernas e eficientes para este novo século. É preciso valorizar o que conquistamos. Não só a modernização da agricultura, mas principalmente a evolução e fortalecimento das instituições democráticas. Vivemos um momento único onde o líder de um movimento operário e fundador do principal partido político de trabalhadores da América Latina chega ao poder através de um processo eleitoral transparente e honesto.

É totalmente inaceitável pôr em risco a normalidade democrática que vivemos pela aventura de um movimento social que resiste a aceitar os valores democráticos e normas legais vigentes no País. O governo escolherá o seu time: o da produção, dentro da Constituição da República e Poder Judiciário; ou o da reforma agrária na marra, contumaz transgressor do Estado de Direito. A história julgará o resultado da escolha.

Mini-currículo: João de Almeida Sampaio Filho

João de Almeida Sampaio Filho é economista formado pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1987. Tem 38 anos, brasileiro e casado. É fazendeiro nos Estados do Paraná e Mato Grosso. Diretor da Usina de Borracha INTERLATEX em Barretos – SP, da Usina de Látex AGROLATEX em Olímpia-SP e da NEOBRAX, indústria farmoquímica, também de Barretos-SP. Foi presidente da Associação dos produtores de Borracha de MT – 1994/1998 e da Comissão Nacional da Borracha da CNA – 1996/2002. Ocupa a presidência da SRB desde 2002. Tem mandato até 2005.

Perfil - Sociedade Rural Brasileira (SRB) - www.srb.org.br

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) é a mais tradicional e independente organização de apoio e defesa do setor rural. Ao longo de sua trajetória de quase um século de trabalho, a liderança conquistou enorme prestígio e credibilidade ao se posicionar como porta-voz do campo junto ao governo, mercados, imprensa e opinião pública.

Em seu fiel papel de representação de classe, a SRB atua na construção das políticas agrícolas da nação participando das máximas discussões relativas ao segmento. Como exemplo, temos a presença da SRB no fórum consultivo e agente de idéias "Rural Brasil", composto por entidades parceiras, no Conselho Nacional do Agronegócio (Consagro), grupo a cargo do ministério da Agricultura e responsável pelas diretrizes da agropecuária do País e também na forte interlocução com os poderes executivo e legislativo.

Dentre suas principais bandeiras, a SRB defende o direito à propriedade com base na Constituição, o desenvolvimento sustentável da agricultura, a abertura de novas frentes comerciais para o agronegócio brasileiro, o avanço da tecnologia no campo, em especial a introdução da biotecnologia, a desoneração do setor produtivo, a facilitação do acesso ao crédito, criação de novos instrumentos de comercialização para a cadeia agropecuária, a desmistificação do estigma de atraso ainda ligado ao setor rural, entre outros pontos que possam gerar emprego, renda e crescimento a todos.

Destaca-se ainda a intensa consultoria que a SRB exerce no que diz respeito ao auxílio nas negociações internacionais a partir da sua divisão de comércio exterior.

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