CI

Produção de carne suína será menor no país este ano



Levantamento do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa) realizado para a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs) aponta para a queda da produção da carne suína brasileira em 2003. O analista da área do Icepa, Jurandi Soares Machado, afirma que a produção deverá situar-se entre um mínimo de 2,65 milhões de toneladas e um máximo de 2,76 milhões de toneladas, uma queda, entre 3,6% a 7,7% em relação a 2002. "Tanto em uma hipótese como noutra há consenso de que a oferta, nas principais regiões produtoras, ficará mais ajustada à demanda, sobretudo no segundo semestre", diz.

O pouco interesse na compra de reprodutores, o baixo desempenho das vendas de equipamentos, o maior endividamento dos suinocultores, 15 meses de dificuldades de mercado e pressão sobre os custos são os principais indicadores de queda da produção. "Apesar da menor disponibilidade, sobra produto tanto no campo como nas indústrias. Com a persistência das dificuldades econômicas, estas previsões ainda podem ser reavaliadas para baixo", acredita.

Descarte

Segundo ele, o descarte de matrizes vem se intensificando. "Os levantamentos feitos até agora prevêem uma queda de 6,6% nos alojamentos de matrizes de alta produtividade. Muitos atores do setor, porém, ainda consideram estes números otimistas. Outros avaliam que este plantel já está abaixo de 1,48 milhão de animais, ante uma média de 1,57 milhão no ano passado", diz o analista. Machado afirma que o mesmo acontece com as matrizes de baixa produtividade (produção inferior a 18 terminados por matriz ano), que também apresenta fortes indícios de queda. "Este efetivo, de forma conservadora, está avaliado em 2,42 milhões de animais, uma queda de aproximadamente 15% em relação aos alojamentos de 2002 (2,85 milhões de cabeças)", informa.

No sul, região responsável por 57% do abate de suínos, há possibilidade de maior retração na oferta. "Os abates regionais de janeiro a maio apontam nesta direção. Em Santa Catarina, caíram 5,6%. Embora, no mesmo período, tenham crescido 2,5% e 8,9% no Rio Grande do Sul e no Estado do Paraná, respectivamente, também tiveram comportamento decrescente em abril e maio. Segundo informações qualitativas, os abates realizados em junho seguiram em trajetória de queda", diz Soares.

No Sudeste, que representa 18% do total produzido no País, a oferta comporta-se também com forte tendência de baixa, com a produção devendo cair de 561,7 mil para 490 mil toneladas, uma queda de até 13% em relação ao ano passado. "Segundo fontes ligadas aos produtores do Sudeste, esta redução poderá ser ainda maior", prevê o analista. Para o Nordeste, a redução da produção está estimada em 14,3%. Deverá passar de 231 mil para 198 mil toneladas.

Expansão

Contrariando a tendência das demais regiões, a produção do Centro-Oeste deverá atingir 411,4 mil toneladas, uma expansão de 6,7%. Nesta região, mesmo com a estabilidade do alojamento de matrizes, o aumento da produtividade e o peso médio de abate mais alto indicam que a produção possa ser ainda maior. Os fatores que mantêm a oferta mais equilibrada com a demanda são a produção nacional em queda, as exportações em expansão e os sinais de maior mobilidade das vendas internas. Soma-se a este panorama favorável de mercado a menor pressão sobre os custos. "Esta situação permite esperar para o setor retorno da rentabilidade no curto prazo", afirma Soares Machado.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.