O clima seco dos últimos dias deflagrou o início da colheita da maior safrinha de milho já vista na história da cultura em Mato Grosso do Sul. A supersafra de milho de inverno, que deve totalizar 1,8 milhão de toneladas, vai render apenas na região de Dourados 1,2 milhão de toneladas, equivalente a 75% da produção estadual.
Os agricultores estão otimistas com o resultado da safrinha, mas, por outro lado, não sabem onde vão estocar tamanha quantidade de milho, já que os armazéns ainda estão com a soja deste ano. Segundo o secretário de Produção José Antônio Felício, nos armazéns do Estado haveria espaço para abrigar somente 800 mil toneladas de milho. Isso significaria que pelo menos 1 milhão de toneladas teria que sair direto da fazenda para a venda, o que é muito pouco provável em função dos preços.
Recorde de produção
A produtividade média alcançada nas lavouras recém-colhidas (plantadas mais cedo) tem variado de 110 a 120 sacas por hectare em Dourados, equivalente a 6.600 a 7.200 quilos, um recorde nos últimos anos, já que a cultura sofreu com a geada em 2001 e com a seca em 2002.
As lavouras consideradas mais fracas – que enfrentaram isoladamente a falta de chuva, deverão render mesmo assim acima de 3.000 quilos, como está prevendo o IBGE.
Ontem o produtor Rudi Ebehardt, que plantou 400 hectares na região do distrito da Picadinha, em Dourados, começou a colheita da safrinha, ficando “supersatisfeito com o resultado. Os problemas agora são onde guardar esse milho e a questão do seu valor, pois o Governo federal ainda não garantiu o preço mínimo”. Ontem o produto no disponível estava cotado a R$ 11,50.
Já é intenso o movimento de caminhões graneleiros transportando o milho em todos os municípios rumo aos armazéns e cerealistas que estão recebendo o milho. As filas de caminhões começam a se formar em determinados períodos do dia. Somente os agricultores douradenses colherão 330 mil toneladas, embora a produção possa ser ainda maior, pois o IBGE prefere fazer projeções conservadoras.
O pico da colheita da safrinha se dará dentro de uma semana a dez dias, no máximo, caso não ocorram novas chuvas.