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Em cinco anos, citricultura em SP ficará estável


A produção e os preços da laranja tanto no mercado interno como no exterior devem se manter estáveis nos próximos cinco anos. A previsão é do pesquisador do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria Estadual de Agricultura, Antonio Ambrósio Amaro, especialista em mercados interno e externo, que durante esta semana participa do Tecnocitrus, encontro de citricultores promovido pela Cooperativa dos Cafeicultores e Citricultores de São Paulo (Coopercitrus). O evento reúne produtores de laranja de todo o Estado na fazenda São José, em Gavião Peixoto.

Os grupos de 15 a 20 produtores se reúnem todas as manhãs, até sexta-feira, na propriedade para falar sobre mercados e tratos culturais.

De acordo com Amaro, o problema do setor citrícola hoje é muito mais fitossanitário do que econômico. O preços hoje estão estabilizados entre US$ 2,80 e US$ 3,20 para a caixa de 40,8 quilos, e devem se manter assim, pelos estudos do IEA, até 2007 pelo menos.

A única preocupação no momento é com a velocidade da disseminação da Morte Súbita dos Citros (MSC), doença que vem atingindo os laranjais do sul de Minas e noroeste de São Paulo. De outra forma, não há o que os produtores temerem, a não ser que haja um aumento na área plantada com laranjeiras. Aí teremos um aumento da oferta, lembra. O problema, nesse caso, segundo Amaro, é a demanda mundial do suco de laranja, que está retraída. Temos uma demanda reprimida por questões econômicas, em alguns países e devido à guerra no oriente médio, lembra. E dificilmente teremos, a curto prazo, o crescimento das vendas.

Amaro lembra que o Brasil também apresenta um recuo no consumo de suco de laranja, depois de passar alguns anos em crescimento. A situação econômica tem prejudicado o consumo no País, analisa. Num período como o atual, vemos aumentar os negócios com as frutas, que vão se tornar suco nas casas.

No mercado interno, Amaro prevê um aumento maior no preço da laranja nos meses de janeiro e fevereiro de 2004, devido à entressafra. Tivemos um atraso no pico da safra de um ou dois meses, lembra. Isso vai fazer com que não tenhamos a laranja temporã, que chega ao mercado justamente nos primeiros meses do ano. Com oferta menor, a tendência será de alta.

Mudanças

O citricultor paulista tem que se preparar para uma nova fase na produção de laranjas no Estado, segundo o pesquisador do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria Estadual de Agricultura, Antonio Ambrósio Amaro. A evolução tecnológica desde o plantio até a colheita, novas técnicas desenvolvidas para o trato cultural e as pesquisas para aumento na produtividade dos pomares vão provocar mudanças sensíveis no setor.

Amaro lembra que a irrigação dos laranjais, que ganha força com o surgimento de doenças, como a Morte Súbita dos Citros (MSC), que atinge porta-enxerto resistente à falta de água; a chegada de mudas com maior potencial genético (mais saudáveis); a exigência da produção de mudas em viveiros telados; o adensamento de plantio (maior produtividade por hectare) e tratos culturais mais profissionais vão provocar a mudança.

Para o pesquisador, também existe a possibilidade dos laranjais mudarem em definitivo a rota de crescimento, caminhando para o sul do Estado, como já previu o Fundo de Desenvolvimento da Citricultura (Fundecitrus). Em 1974 foi realizado um zoneamento da agricultura do Estado e a região noroeste, onde hoje está a maioria dos pomares, já apresentava deficiência hídrica, portanto, imprópria para o plantio de laranja, afirma. Mas esse zoneamento não foi obedecido devido a questões financeiras, pois a terra era mais barata e a indústria pagava o mesmo valor independente da distância da produção.

Outra possibilidade, que está sendo estudada por empresas juntamente com o IEA, é da automatização de etapas da colheita da laranja. Nossa realidade é diferente dos EUA, onde a colheitadera é totalmente mecanizada, afirma. Aqui, temos até três floradas numa mesma safra, e os pés apresentam frutas em diferentes fases de maturação. Além disso, as raízes de nossos laranjais são profundas e uma máquina chacoalhando os pés vai causar muitos danos.

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