A Embrapa Agroindústria Tropical, baseada em Fortaleza (CE), vai disponibilizar aos produtores quatro novos clones de acerola - as variedades Apodi (BRS 235), Cereja (BRS 236), Roxinha (BRS 237) e Frutacor (BRS 238). Para o lançamento na 10. Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria - Frutal 2003, a ser realizada entre 1 e 4 de setembro, em Fortaleza, a empresa prevê oferta de 2 mil mudas. A estratégia para fornecimento dos clones envolve inicialmente pequenas quantidades, de preferência para viveiristas.
O pesquisador João Rodrigues de Paiva, coordenador dos estudos na Embrapa, diz que a preparação do material genético é relativamente rápida, em condições de suprir a demanda. "Em 120 dias é possível obter a muda enxertada."
A investida da Embrapa, resultado de sete anos de estudos, pode significar chances de incremento da cultura no Ceará, diz Sergio Baima, coordenador do Sistema de Informação Gerencial Agrícola, da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado. "Hoje não existe oferta de mudas de qualidade no Ceará." Com os novos clones, Baima diz ser possível produzir com maior tecnologia, garantindo alta produtividade e retorno ao agricultor.
A safra cearense de acerola, plantada em mil hectares, deve crescer 12%, para 9 mil toneladas, diante das 8 mil toneladas de 2002, quando a cultura ocupou 900 hectares. "As áreas de acerola, na grande maioria, foram implantadas sem tecnologia, com irrigação por aspersão convencional, inundação e mangueira."
Os novo clones têm como principais características o porte baixo das plantas e formação das copas tipo "guarda-chuva", o que facilita a colheita manual e mantém a integridade do fruto, afirma Paiva. Segundo o pesquisador, as 39 colheitas da variedade apodi no ano passado renderam 50 toneladas por hectare e frutos de peso médio de 11,8 gramas, em relação às 7 gramas obtidas tradicionalmente. A produtividade chegou 49,34 toneladas por hectare, a maior entre as selecionadas.
A variedade cereja, por sua vez, concentra maior teor de vitamina C, ou 1.854 miligramas por 100 gramas de polpa de vitamina, quando a média conhecida não chega mil miligramas. Esta variedade registra ainda a segunda maior produtividade, com 47,19 toneladas por hectare. O clone roxinha se destaca pela conformação de copa menos exigente à poda e fruto com polpa de coloração vermelho-púrpura forte e alto teor de brix (8,3), com produtividade média de 36,86 toneladas por hectare. A frutacor, com o mesmo brix da roxinha, reúne várias características, como altos teores de vitamina C e produtividade de 41,42 toneladas por hectare.
Na formação de um hectare de pomar de aceroleira, a recomendação de Paiva é que sejam plantadas as quatro variedade - apodi, cereja, roxinha e frutacor -, dividindo a área em blocos de 0,25 hectare para cada clone. "Com esse procedimento, é possível evitar a uniformidade genética do pomar, protegendo o sistema e cultivo contra pragas e doenças", afirma.
A Embrapa iniciou os estudos de melhoramento genético de clones de acerola ainda em 1996, estimulada pela proposta do governo do Ceará de incentivo à fruticultura irrigada. Paiva diz que os clones BRS se originam da seleção de 100 plantas cultivadas no pomar da Frutas do Ceará (Frucesa).
O trabalho, envolvendo 84 hectares, partiu do Campo Experimental de Pacajus (CE), a 48 quilômetros de Fortaleza, com a avaliação do material em área comercial. Na etapa seguinte, feita a partir de 1999, foram selecionados os de melhor desempenho no experimento da Embrapa e introduzidas variedades de outras regiões, somando cerca de 90 clones - 45 testados na Fazenda Frutacor, em Limoeiro do Norte, a 198 quilômetros da capital.