CI

Avicultura européia padece sob verão extremo


Por ora, as informações permanecem escassas. Mas já há notícias da perda de mais de um milhão de aves apenas na Inglaterra e de um volume aparentemente similar em somente uma região francesa, a Bretanha. Isso, apenas na semana passada, porquanto nas semanas anteriores já vinha sendo registrada mortalidade elevada devido ao calor, mas em níveis inferiores aos agora relatados. Na avicultura de postura se estima, até agora, perda de produção de pelo menos 6 milhões de ovos. Na região do Loire, 1.700 dos 5.000 avicultores locais enfrentam o que os franceses designam de “sinistros importantes”, ou seja, perdas que colocam em risco a sobrevivência da avicultura como empreendimento comercial.

Para a CFA – Confederação Francesa de Avicultura somente a assistência financeira do governo francês pode impedir a quebra generalizada das empresas avícolas locais. A entidade também alerta para a possível falta de produtos avícolas no mercado porquanto, além da alta mortalidade, há violenta queda nos níveis de produção de ovos e o ganho de peso dos frangos vem sendo extremamente baixo. Os preços no varejo já apresentam sensível elevação.

Para Alain Melot, presidente da FIA – Federação das Indústrias Avícolas da França, o setor está precisando de mais sorte. Ele relembra que após uma fase excepcional em 2000 e 2001, em razão da crise da “vaca louca”, a avicultura francesa jamais voltou a ser a mesma. Primeiro os preços da carne de frango retrocederam a níveis “pré-vaca louca”. A seguir, o setor passou a enfrentar forte concorrência estrangeira (“brasileira e tailandesa para o frango; italiana para a pintada”). Os dois eventos deste ano – Influenza e Verão – parecem estar sendo a gota d’água... O que leva a FIA a exigir urgentes medidas de apoio, do poder público e da rede bancária, para permitir que os produtores avícolas superem as dificuldades financeiras. A FIA pede ao governo, inclusive, que coloque em ação, para avicultores e cunicultores, os programas de “calamidades agrícolas”.

Registra-se, como curiosidade, que na Inglaterra os produtores avícolas locais estão sendo obrigados a enfrentar, além do calor e da seca, entidades protetoras dos animais. Pois algumas delas não aceitam que as aves permaneçam sujeitas a todos os problemas decorrentes das altas temperaturas, o pior deles a mortalidade. E estão recorrendo às autoridades britânicas, invocando a legislação que estabelece o bem-estar animal.

A indústria avícola inglesa, claro, procura refutar a acusação. E Peter Bradnock, do BPC – British Poultry Council insiste que, embora os índices de mortalidade tenham aumentado, os avicultores britânicos dispõem de sistemas de ventilação que permitem minimizar os efeitos do forte verão. É uma verdade, não há dúvida. Mas apenas meia-verdade. Porque embora contando com sofisticados sistemas de regulagem ambiental, a avicultura – não só da Inglaterra, mas de praticamente todo o Hemisfério Norte – está melhor aparelhada para enfrentar as baixas temperaturas, não as elevadas. Daí todos os problemas atuais, cujo equacionamento só virá com a próxima mudança de Estação, dentro de pouco mais de um mês.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.