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Produção e exportações de grãos no RS injetam R$ 11 bilhões na economia estadual


Cerca de R$ 11 bilhões foram injetados na economia do Rio Grande do Sul em decorrência do crescimento da produção de grãos no primeiro semestre deste ano. O aumento de 30,7% em relação ao mesmo período em 2002 é o principal destaque da Carta de Conjuntura de agosto, apresentada ontem (19-08) pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). Os resultados das safras de soja, arroz, feijão e milho, obtidos em parte pelo incremento da produção e dos preços recebidos pelos produtores, contribuíram para o crescimento das vendas de produtos gaúchos para o exterior, superiores em 32,6% em relação ao primeiro semestre de 2002.

"O setor agrícola é o grande destaque da economia gaúcha. O maior impacto é tradicionalmente registrado no primeiro semestre, mas como apenas metade da safra de soja foi comercializada, seus efeitos ainda devem ser sentidos nos próximos meses", analisa Jorge Accurso, supervisor do Centro de Informações Estatísticas da FEE.

A indústria também apresentou números positivos no primeiro semestre, superiores aos índices nacionais. O setor mecânico - de máquinas e implementos agrícolas - contribuiu de forma mais significativa, com destaque ainda para os segmentos de couros e peles, celulose, material elétrico, metalurgia e fumo. A Carta de Conjuntura faz ainda uma análise da indústria moveleira, que teve pequena recuperação depois de sofrer os efeitos da crise argentina em 2002 e, mais recentemente, do reduzido índice de atividade do país, agravado pela alta dos juros e pela desvalorização do real.

No entanto, o crescimento do setor agrícola, das exportações e da indústria não foi acompanhado pelo setor varejista, nem pelas contas públicas, que sofreram queda de mais de dois pontos percentuais na arrecadação de ICMS, reflexo do desaquecimento da economia e da não-reposição integral de recursos sobre exportações por meio da Lei Kandir.

Os números do comércio varejista foram impactados por uma retração na Região Metropolitana, que teve queda de 4,6%. No Interior, houve crescimento de 2,6%. Com isso, o balanço feito pela FEE revela uma queda de 1% nas vendas nos primeiros cinco meses do ano, decorrência, especialmente, da redução da renda real dos consumidores e do desemprego.

Também por esses motivos, a Região Metropolitana revelou o menor índice de atividade no semestre. "A queda do consumo é refletida pelas expectativas em relação à economia nacional", lembra Roberto Wiltgen, supervisor da Pesquisa de Emprego e Desemprego.

Quanto à execução orçamentária do Rio Grande do Sul, a carta destaca redução de 17,9% da despesa corrente real no primeiro semestre de 2003, especialmente devido aos cortes de despesas orientados pelo governo, com diminuição dos cargos comissionados e das linhas de telefones celulares.

Por fim, a Carta de Conjuntura de agosto analisa o rendimento do trabalho nas regiões representadas pelos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), com base em dados municipalizados do Censo 2000, referentes à mão-de-obra. O Estado tem 53,1% de ocupados com até dois salários mínimos. A região com maior índice é a do Médio Alto Uruguai, com índice de 77,9%, enquanto que no Metropolitano Delta do Jacuí é de 36,1%. As regiões com maiores concentrações de ocupados com baixos níveis de rendimento tendem a apresentar menores taxas de urbanização, maior presença de trabalhadores no setor primário e menor atividade industrial, segundo análise feita por Sheila Sternberg, socióloga da FEE que apresentou os números.

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