CI

Governo põe rastreabilidade em dúvida


Motivo de briga entre frigoríficos e o governo, a obrigatoriedade do rastreamento do gado exportado à União Européia está sob suspeita. Ninguém sabe dentro do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento se o programa implantado no ano passado era realmente necessário. Por isso, o governo encaminhou ontem à Embaixada Brasileira em Bruxelas pedido de esclarecimento ao bloco econômico. Na quarta-feira circulava a informação de que a rastreabilidade será exigida na União Européia somente a partir de 2005.

O governo brasileiro pediu ainda que seja agendada uma reunião o mais breve possível – inicialmente seria em setembro – para discutir o tema com os europeus. Isto porque, ao mesmo tempo em que circulava a informação de que a rastreabilidade não era uma exigência européia, o ministério recebia o relatório da última missão sanitária do bloco, realizada no início do ano, que pedia mais informações sobre o sistema. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, estava surpreso com as informações desencontradas, pois o que foi repassado a ele, quando assumiu o cargo, era que a rastreabilidade era uma exigência européia. "Quero tudo claro como água", afirma o ministro.

Em janeiro de 2002, o governo anunciou a criação do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), quando exigiu a adesão até junho daquele ano àqueles que destinassem o produto à União Européia, sob pena de deixar de exportar. A gestão da época afirmava que o Brasil estaria se adequando às novas normas do bloco. Procurado, o ex-secretário de Defesa Agropecuária, Luís Carlos de Oliveira, não retornou as ligações.

O prazo para a implantação do Sisbov foi adiado diversas vezes. Desde 15 de julho deste ano é que não podem ser comercializados com o bloco animais que não tenham sido cadastrados no sistema por um prazo de pelo menos 40 dias. Em meados de julho, frigoríficos ameaçaram cessar as compras em represália ao programa porque alegavam não haver bovinos rastreados suficientes para atender a demanda.

O secretário-executivo do ministério, José Amauri Dimarzio, disse que o governo atual estava apenas cumprindo a execução de um programa implantado pelo anterior e que, por isso, era necessário o esclarecimento. Dimarzio garantiu que os prazos não serão mudados. No entanto, no próximo dia 5, a Câmara Setorial da Carne Bovina estará reunida para discutir o assunto. Dimarzio disse ainda que, se a União Européia afirmar que só vai exigir a rastreabilidade a partir de 2005, a cadeia produtiva é que decidirá o que vai ser feito. "Se a União Européia afirmar o que quer em termos de rastreabilidade, vamos fazer as mudanças necessárias", diz.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.