CI

Greve da Receita gera prejuízo de US$ 2,7 milhões para exportações de máquinas


O setor de máquinas e equipamentos acumula US$ 2,7 milhões em prejuízos nas vendas para o mercado externo por conta da greve dos funcionários da Receita Federal, que já chega a 49 dias. Os dados são da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), que representa 4,5 mil fabricantes de bens de capital no país. Segundo a entidade, 63,6% dos associados que exportam seus produtos disseram ainda que enfrentam dificuldades para fechar negócio dentro dos prazos estabelecidos pelos compradores estrangeiros.

O impacto negativo também é significativo entre as empresas que dependem de insumos importados para produzir os bens. As perdas chegam a US$ 1,5 milhão, sendo que 56,9% dos associados enfrentam problemas de liberação da matéria-prima adquirida de outros países. Ainda de acordo com o levantamento da Abimaq, a maioria da empresas não mensurou valores, quando questionadas sobre o prejuízo estimado caso a greve se estendesse por mais um mês, no entanto 82,7% delas se mostraram preocupadas com a possibilidade.

Com base nestes números, a entidade entrou com um mandato de segurança exigindo a liberação das importações e exportações do setor que dependam de despacho aduaneiro em São Paulo e aguarda uma decisão da Justiça do Estado. O mesmo aconteceu com as empresas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O próprio presidente da Abimaq, Luis Carlos Delben Leite, já havia encaminhado um ofício ao secretário da Receita Federal, Jorge Antônio Rachid, pedindo a implementação de um regime especial de liberação automática dos produtos referentes às empresas cadastradas no Siscomex. "A paralisação atinge significamente as exportações do setor, comprometendo esforços de anos realizados pelas empresas para a conquista de mercados e sua imagem frente ao mercado externo", disse.

Atraso

A Polietilenos, indústria química de Santo André, registrou uma baixa de R$ 60 mil neste mês por conta do atraso de cerca de 45 dias para liberação do novo sistema de ensaque de matéria-prima, importado da Itália. O equipamento custou US$ 1 milhão à empresa, sendo que o preço do armazenamento das máquinas no porto de Santos era de R$ 26 mil durante 15 dias. O sistema chegou na semana passada na Polietilenos e deve ser instalado entre o dia 30 de agosto e 30 de setembro.

"Por enquanto o nosso prejuízo é de R$ 60 mil, mas quem nos garante que o equipamento vai funcionar perfeitamente, depois de permanecer dentro do container exposto a sol e chuva", disse o gerente de projetos da empresa, Walter Fortes Junior. Segundo ele, as máquinas só foram liberadas porque a Polietilenos pressionou os fiscais.

A crítica do gerente é que o dinheiro gasto para pagar o período extra de armazenagem poderia ter sido empregado na produção ou no pagamento dos salários dos funcionários. "Não somos diferentes de nenhuma outra empresa no Brasil. Precisamos otimizar as nossas despesas e canalizá-las para atividades que gerem produtividade ou para ações que beneficiem nossos colaboradores. Quantos salários não seriam pagos com este valor ou quantas cestas básica não poderiam ter sido compradas?"

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.