Ferrugem — Os produtores de café da Nicarágua advertiram que o aumento da ferrugem pode acabar com, pelo menos, 18% da produção do país na próxima colheita. O principal motivo para o surgimento da doença é o descuido dos cafeicultores com suas lavouras, uma vez que a grande maioria não tem condições econômicas para administrar minimamente suas plantas. A ferrugem afeta as folhas das plantas e já foi detectada em duas das principais zonas produtoras da Nicarágua: Matagalpa e Jinotega. O vice-presidente da Unicafé (União dos Produtores de Café da Nicarágua), Buenaventura Gutiérrez, disse que se não for tomada uma ação imediata para o controle da doença, a produção da colheita 2003/04 pode ser reduzida em cerca de 200 mil quintais (153 mil sacas). A Unicafé estima que a produção nicaragüense será de 1,1 milhão de quintais (840 mil sacas), das quais cerca de 900 mil (690 mil sacas) seriam exportadas. Mas Gutiérrez lembra que, com sorte, a Nicarágua pode exportar, aproximadamente, 700 mil quintais (540 mil sacas), pois tem que se considerar que a ferrugem e outras doenças e pragas que atacam as plantações não vêm sendo combatidas da maneira mais eficaz.
Nova redução — O Vietnã planeja um novo processo de redução de suas áreas cultivadas com café. A nova redução buscaria alavancar os preços internacionais e frear as perdas dos produtores. O dirigente governamental para o café, Tran Duc Loung, durante uma visita às plantações da província de Lam Dong, avisou as autoridades locais para deterem o crescimento das áreas onde é plantado café e substituir a produção do grão por cultivos de alto rendimento, tais como frutas e algodão. A Vicofa (Associação de Café e Cacau do Vietnã), órgão representante da indústria no país, tem por objetivo realizar uma redução de 130 mil hectares na plantação de robusta, produzindo assim, 350 mil hectares em 2004. A Vicofa também deseja incrementar arábica nas áreas onde hoje é plantado o robusta, elevando de 40 mil para 100 mil hectares a produção dessa variedade. Em junho, Vietnã e Indonésia, dois dos maiores exportadores mundiais de robusta, firmaram um acordo que impunha que o primeiro reduzisse suas áreas cultivadas com robusta em 20% e a Indonésia em 15%. Um funcionário a cargo da projeção agrícola e também membro do Comitê do Povo da principal província produtora de café do país, Dak Lak, disse que uma redução de 15% pode ser obtida daqui dois anos, uma vez que os produtores não vêm apresentando lucros com as colheitas e estão buscando cortar gastos. A redução da área cultivada deve ser realizada de maneira voluntária para os produtores privados e pode ser obrigatória para os produtores estatais, dependendo dos seus lucros. A média de custo da produção no país é de 7 mil dongs (U$ 0,45) por quilo em propriedades de produtores privados e de 12 mil a 14 mil dongs (U$ 0,78 a U$ 0,90) por quilo para produtores estatais.
Opinião — Segundo o presidente da Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Gilman Viana Rodrigues, para que se diminuam os impactos da quebra de safra do café, o governo federal deveria investir em políticas que equilibrem a oferta. Sabe-se que os produtores estão descapitalizados e, por isso, vendem o produto a qualquer preço para cumprirem seus compromissos financeiros, assim o mercado se apossa disso, destacou o dirigente. De acordo com Rodrigues, além do EGF (Empréstimo do Governo Federal), já aprovado pelo governo federal, outras linhas especiais de crédito deveriam ser disponibilizadas para as cooperativas de produtores, pois com isso, os produtores não teriam que vender seu café imediatamente.
Em conjunto — Colômbia e Brasil realizarão, no mês de agosto, duas reuniões de cúpula, com o objetivo de coordenar políticas que permitam superar a crise dos preços internacionais do café, conquistar novos mercados e promover o aumento do consumo do grão. Os chanceleres da Colômbia, Carolina Barco, e do Brasil, Celso Amorim, assinaram em Bogotá um comunicado confirmando a realização do encontro em Bogotá, na segunda semana de agosto, para definir as bases de um convênio que promova o consumo mundial do café. Um segundo encontro foi convocado pelo Brasil, para 26 de agosto, no qual serão trocadas idéias sobre as medidas internas aplicadas para apoiar a cafeicultura. Um recente estudo da OIC (Organização Internacional do Café) permitiu estabelecer que o consumo mundial de café, que esteve em 4,69 quilos por pessoa ao ano, entre 1990 e 1999, baixou para 4,55 quilos, entre 2000 e 2002. Nos Estados Unidos, o maior consumidor do mundo, a queda foi de 5,13% nesse período.
Cafés especiais — O cafeicultor da cidade de Garça José Serra Netto acaba de quebrar um tabu com relação ao questionamento quanto à qualidade do café da região. Recentemente, Serra Netto conseguiu efetuar a venda de aproximadamente 300 sacas de café cereja descascado para a empresa italiana de cafés finos Illycaffè. Segundo o engenheiro agrônomo e consultor José Renato Miranda Serra, todo café produzido na propriedade do cafeicultor, a Fazenda São José do Tungue, segue à risca os mecanismos e critérios técnicos que propiciam a produção de cafés especiais. A colheita, apontou o consultor que cuida da produção na propriedade, é realizada no pano, posteriormente o café é lavado, separando os grãos verdes, passa (bóia) e cereja. Sendo que somente o cereja é descascado e parcialmente desmucilado mecanicamente. O resultado é um café de qualidade superior comparável com os melhores cafés produzidos no país, destacou. José Renato Miranda Serra relatou ainda a importância da venda deste lote de café efetuada através da Garcafé (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Garça) a R$ 253,00 a saca. "Definitivamente tivemos o reconhecimento dos experts da torrefadora italiana quanto à qualidade do café produzido na região de Garça. Sabemos que o mercado de cafés especiais no nosso país ainda é bastante restrito e poder participar desse mercado tão competitivo, com certeza, trará resultados interessantes para todos os produtores da nossa região que se dispuserem a produzir café de qualidade superior", sustentou o consultor.
Em destaque* As exportações de café do Equador atingiram, em junho, um total de 49.424 sacas, divulgou a Associação dos Exportadores de Café do Equador. O volume é 151,09% maior que o verificado no mesmo mês do ano passado, quando 19.684 sacas haviam sido remetidas ao exterior. Em 2002, até o final de junho, o país sul-americano registrou o embarque de 245.372 sacas, 25,98% a mais que as 194.768 sacas exportadas no mesmo período de 2002. Do total apurado em junho, 36.702 sacas referiam-se a café solúvel. Esse número é 102,35% maior que o verificado em junho do ano passado — 194.768 sacas.
* Até o último dia 24 de julho, a colheita brasileira havia alcançado a marca de 69%, informou a agência Safras. De acordo com a empresa, no mesmo período do ano passado, a colheita já havia atingido o nível de 66%. O Estado de Minas Gerais realizou, até a data, um total de 58% de sua colheita. Até 24 de julho de 2002, por sua vez, o Estado tinha 57% de sua produção colhida. No Espírito Santo, de acordo com a Safras, a colheita chegou a 94%, sendo que no mesmo período do ano safra passado 91% do volume já havia sido coletado.
Fonte: Coffee Break (www.coffeebreak.com.br)