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Amorim já vê chances de avanços na OMC



As consultas entre 26 ministros dos países-chave da Organização Mundial de Comércio (OMC) reunidos em Montreal reacenderam ontem a esperança de avanço nas cruciais negociações sobre agricultura, que emperram a Rodada Doha de liberalização das regras do comércio global praticamente desde o seu lançamento, em novembro de 2001. O chanceler Celso Amorim, que se declarou "pessimista" ao final de um jantar com seus colegas, na segunda-feira, saiu mais esperançoso da primeira reunião plenária do grupo, ontem de manhã.

"Não estou otimista, e é ainda cedo para fazer uma avaliação, mas a reunião foi positiva e ficou clara a necessidade de se fazer algum movimento", afirmou o ministro das Relações Exteriores, que lidera a delegação brasileira, integrada também por seus colegas da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. "Tivemos uma discussão substantiva e não acho impossível avançar dentro de uma fórmula em que os Estados Unidos e a União Européia busquem um acordo, mas recebendo a contribuição dos insumos dos demais países."

A inclusão das reivindicações dos demais países nesse tipo de entendimento é importante para se evitar uma tentativa de repetição do acordo de Blair House, no qual Europa, Estados Unidos e Japão acertaram os termos da conclusão da Rodada Uruguai, ignorando os interesses dos países em desenvolvimento.

"O mundo de hoje não é o mesmo de 1994, e a repetição desse tipo de acordo seria impossível", disse Amorim.

O encontro de Montreal, que termina hoje, é a última oportunidade para os países tirarem as negociações da rodada do impasse antes da reunião ministerial da OMC, de 10 a 14 de setembro. Progresso na reunião de Cancún, em setembro, é considerado essencial para preservar as reduzidas chances de se fechar um acordo de liberalização do comércio mundial em janeiro de 2005, o prazo estipulado no lançamento da rodada. Segunda-feira, o diretor-geral da OMC, o tailandês Supachai Panitchpakdi, pediu aos ministros que busquem um entendimento, advertindo que se eles falharem, "o sinal para a comunidade global será o fracasso do sistema multilateral (de comércio) no momento em que este precisa produzir maior acesso a mercados".

Conhecida também como Agenda do Desenvolvimento, a Rodada Doha foi concebida em resposta à demanda dos países mais pobres de inclusão da agricultura, que é protegidíssima nos países ricos, na liberalização do comércio global. A esperança em Montreal foi despertada, em parte, pela disposição revelada pela União Européia de contemplar uma idéia discutida pelo grupo que negocia agricultura na OMC, sob o comando de Stewart Harbinson, de Hong Kong.

Trata-se de buscar uma fórmula que combine os dois modelos que podem ser usados para balizar uma redução das tarifas agrícolas: a que foi usada na Rodada Uruguai, encerrada em 1994, que prevê uma queda média de 36% nas tarifas dos países ricos, com um mínimo de 15%, e a chamada fórmula suíça, que contempla uma redução gradual de todas as tarifas de importação de produtos agrícolas até o máximo de 25%.

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