CI

Brusone é a principal doença do arroz


A produção brasileira de arroz é de aproximadamente 12 milhões de toneladas anuais, sendo 59% provenientes do sistema irrigado e 41%, do sistema de terras altas. Um dos fatores que limitam a produtividade da cultura é a brusone, considerada a principal doença.

A brusone ocorre, freqüentemente, em muitas áreas produtoras não só do Brasil, mas também do mundo. A doença já foi constatada em mais de 85 países de regiões temperadas, tropicais e subtropicais, e causa severas perdas, podendo atingir até 100%, sob condições favoráveis.

A suscetibilidade do arroz à brusone parece estar inversamente relacionada à umidade do solo, apresentando-se como problema mais sério no sistema de terras altas, onde ocorre com maior severidade, quando comparado ao cultivo irrigado.

No Rio Grande do Sul, onde predomina o cultivo irrigado, a doença não é problema. Entretanto, no Estado do Tocantins, onde também é feito o cultivo irrigado, são verificados altos prejuízos, devido à irrigação tardia ou fornecimento irregular de água e à monocultura de cultivares altamente suscetíveis.

Os danos causados por brusone podem ser reduzidos, significativamente, pela utilização de cultivares resistentes e por meio de práticas culturais, como uso de sementes sadias, tratamento de sementes e/ou pulverização com fungicidas, plantio na época certa, bom preparo do solo, densidade e profundidade de semeadura adequadas, adubação nitrogenada equilibrada, entre outros.

Um dos métodos mais econômicos e ecologicamente saudável de controle de doenças é o uso de cultivares resistentes e há muito tempo essa estratégia é considerada a mais eficiente para proteger a cultura do arroz contra brusone.

Muitos genes de resistência à doença foram identificados e incorporados em um grande número de cultivares nos últimos anos, fornecendo diferentes graus de resistência aos materiais lançados. No entanto, tem sido observada a quebra da resistência em um curto espaço de tempo.

Hoje a durabilidade da resistência de uma cultivar gira em torno de dois anos e o principal motivo é a alta variabilidade do fungo causador da brusone que, em pouco tempo, consegue estabelecer uma população capaz de interagir com a planta, tornando-a suscetível.

A dificuldade dos programas de melhoramento genético de arroz, visando resistência à brusone, está associada diretamente à falta de conhecimento prévio da composição da população do fungo na área ou região para a qual a cultivar é desenvolvida.

Uma vez que as cultivares plantadas e as populações do fungo estão mudando constantemente e as raças predominantes em uma região podem ser diferentes das de outros locais, os programas de melhoramento estão sendo direcionados para incorporar às novas cultivares os genes de resistência às raças prevalentes de cada região.

Atualmente, os estudos sobre a diversidade genética do fungo estão sendo complementados por meio de uma poderosa ferramenta: as técnicas de biologia molecular. Portanto, há perspectivas de aumentar a durabilidade da resistência das cultivares através da caracterização prévia da população do fungo em questão e a identificação de genes de resistência para serem incorporados em novas cultivares, antes de serem liberadas para plantio comercial.

Valácia Lemes da Silva Lobo

Pesquisadora - Fitopatologista/ Embrapa Arroz e Feijão

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.