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Estoques das cooperativas brasileiras de café crescem 14,3%


(15/08/2003 - Coffee Break) -O CNC (Conselho Nacional do Café) informou que o recebimento de café nas cooperativas brasileiras está confirmando que o volume da safra atual é consideravelmente baixo. A entidade ressalta que apesar de os trabalhos de colheita estarem bastante adiantados, devido ao clima seco e à necessidade de recursos por parte dos produtores, pouco café tem sido depositado nos armazéns das cooperativas. De acordo com dados do Conselho, o recebimento em julho atingiu a marca de 1.406.663 sacas. Esse volume é 54,39% menor que o verificado no mesmo mês do ano passado, quando 3.083.880 sacas foram colocadas nas cooperativas. No acumulado, a partir do início do ano safra (maio), as cooperativas receberam 2.522.750 sacas, 51,09% a menos que o registrado em igual período da safra anterior — 5.157.794 sacas. Por Estado, o recebimento teve o seguinte comportamento: Bahia, 10.102 sacas; Espírito Santo, 32.448 sacas; Minas Gerais, 1.206.354 sacas; Paraná, 24.428 sacas; São Paulo, 133.331 sacas. A entidade representativa do setor produtor ressaltou que os baixos preços pagos aos produtores fizeram com que o volume de café comercializado caísse consideravelmente, fazendo com que as exportações brasileiras sentissem uma certa retração — 2,336 milhões de sacas em julho de 2002 para 1,754 milhão de sacas em julho de 2003 — apesar dos estoques disponíveis. Ao longo de julho, as cooperativas comercializaram 532.589 sacas. Esse volume é 44,57% menor que o observado em julho de 2002, quando 960.846 sacas foram negociadas. Os estoques de café nas cooperativas brasileiras, no final de julho, chegaram a 6.076.795 sacas, segundo o CNC. O volume aferido é 14,34% maior que o verificado no final de julho do ano passado — 5.314.464 sacas. Se comparado com o verificado no final de junho, 5.202.721 sacas, observou-se uma alta de 16,80%. Por unidade da federação, os estoques ficaram divididos da seguinte forma: Bahia, 40.320 sacas; Espírito Santo, 370.487 sacas; Minas Gerais, 4.619.455 sacas; Paraná, 119.246 sacas; São Paulo, 927.287 sacas.

Queda nos embarques — O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café Verde do Brasil) informou os números relativos às exportações consolidadas do Brasil, ao longo do mês de julho. De acordo com as estatísticas da entidade, os embarques totais do período atingiram a marca de 1.759.051 sacas. Esse volume é 24,41% menor que o verificado em julho do ano passado (2.327.234 sacas) e 2,54% inferior ao observado em junho — 1.804.970 sacas. Os embarques de verde chegaram a 1.508.856 sacas, 29,76% a menos que o verificado no mesmo mês do ano passado, 2.148.313 sacas. Desse total, 1.285.271 sacas eram de arábica, 24,36% menor que o observado em julho de 2002, 1.699.173 sacas. As remessas de conillon atingiram a marca de 223.585 sacas, contra 449.140 sacas do mesmo período do ano passado — baixa de 50,92%. Ao longo de julho, o Brasil remeteu 250.195 sacas de solúvel ao exterior. Esse total é 39,83% maior que o registrado no mesmo mês do ano passado — 178.921 sacas. As exportações totais geraram uma receita da ordem de 101,508 milhões de dólares, contra 106,853 milhões de dólares de julho de 2002 — queda de 5,00%. Os embarques totais de junho geraram uma receita de 103,995 milhões de dólares, nível 2,45% superior ao aferido em julho. No acumulado do ano (janeiro a julho), os embarques brasileiros (verde e solúvel) chegam a 14.264.099 sacas, 5,53% a mais que o observado no mesmo período de 2002, quando 13.516.748 sacas foram remetidas ao exterior. No ano, a receita aferida chegou a 807,285 milhões de dólares, contra 648,242 milhões de dólares do mesmo período do ano passado, 24,53% a mais.

Uganda — A UCDA (Autoridade para o Desenvolvimento de Café de Uganda) estima que o país, que exportou 285.366 sacas em julho, deverá sofrer uma redução de, aproximadamente, 5% nesse volume em agosto, embarcando 270 mil sacas. A entidade explica que a retração no volume de exportações ocorre devido ao recuo no ritmo da colheita, processo que já está concluído na maioria das zonas cafeeiras da nação africana. A estimativa de safra para 2002/03 em Uganda é de 3,2 a 3,3 milhões de sacas, das quais 2,9 a 3 milhões devem ser exportadas, segundo informou a UCDA. Entre outubro de 2002 e julho de 2003, o país exportou, aproximadamente, 2,3 milhões de sacas, número 11,54% menor que o exportado no mesmo período do ano safra anterior (2,6 milhões de sacas). Essa projeção de queda nos embarques deve-se ao clima seco que ocorreu no início da safra, fato que diminuiu a produtividade das lavouras. O principal destino do café ugandense é a União Européia, que importa 90% do total produzido.

CPR — As operações com CPRs (Cédulas do Produto Rural) avalizadas pelo Banco do Brasil movimentaram 596 milhões de reais entre janeiro e julho desse ano, sendo 12,8 mil contratos negociados nesse período. Esses números são 12,6% maiores que os alcançados no mesmo período do ano passado, quando foram atingidos 529 milhões de reais e 11,6 mil contratos realizados. Esses dados refletem a boa fase dos agronegócios no segundo trimestre, especialmente para a pecuária de corte e à soja, que desbancaram o café, que liderava os negócios de CPR até o ano passado. Boi e soja representaram 53% das negociações, enquanto o café representou 18% das operações avalizadas.

Controle da broca — As ações de prevenção permitiram controlar a maior infestação de broca nos últimos 20 anos e eliminar a possibilidade de perda de cerca de 40 mil sacas de café da próxima colheita de El Salvador. A ameaça que rondava a cafeicultura local desapareceu, segundo informou a Fundação Procafé (Fundação Salvadorenha para Investigações do Café). Assim mesmo, as ações preventivas ao combate da broca continuam. A cooperativa cafeeira de Barrios (San Miguel), que reúne 960 pequenos produtores, iniciou a campanha de prevenção em maio para alertar sobre um forte retorno da broca no setor da Cordilheira de Cacahuatique. Segundo o gerente da Cooperativa, Enrique Trejo, em 15 dias foi possível ter uma radiografia do problema na grande maioria das lavouras da região. Com dados precisos da região afetada, o uso do endosulfan foi facilitado. Simultaneamente, a Procafé iniciou uma campanha de conscientização e procedeu a entrega de 12 mil litros de químico, cuja aplicação está a ponto de se concluir. Como ação complementar, foram liberados 5,5 milhões de parasitóides em 233 propriedades, que juntas, somam 6.200 plantações do grão, além de terem sido distribuídos 8.750 produtos de ajuda para a captura do inseto. O momento agora é de observação dos resultados. Conforme o gerente geral da Procafé, Carlos Laínez, foram utilizados três meios para o combate à proliferação da broca, mas dentro de três semanas será liberada outra quantidade, similar à primeira, de parasitóides, para dar continuidade ao programa, principalmente nas áreas que produzem café orgânico. Com essas ações, foram alcançados níveis de segurança na erradicação da praga de até 97%, especialmente, nos setores que possuíam focos de infestação de até 25%. Apesar de não contarem com recursos econômicos suficientes devido aos maus preços do café no mercado, os produtores, especialmente os afiliados a cooperativas, tomaram consciência do problema e uniram esforços para o combate contra a praga, destacou Laínez. A broca chegou a El Salvador procedente da África, no começo dos anos 80, quando a cafeicultura entrou em uma das crises mais profundas de sua história, devido ao conflito interno que viveu o país durante 12 anos. Desde então, os produtores vêm combatendo a praga que se manteve controlada até o último ano. Em 2003 houve um grande número de abandono de lavouras, devido à crise, o que permitiu que a praga aumentasse sua presença, atingindo, em algumas zonas, níveis alarmantes.

Pão de Açúcar — Um programa de exportação desenvolvido pela rede supermercadista Pão de Açúcar, denominado Exporta Pão, pretende atingir 5 milhões de dólares neste ano. O grupo competirá com sua sócia, os fornecedores da rede francesa Casino, e exportará commodities vendidas em grande escala, como é o caso do café. O diretor executivo comercial do grupo, Hugo Bethlem, afirmou que a investida do Pão de Açúcar em mercados como o europeu será agressiva, trabalhando, principalmente com o fator preço. Porém, o diretor ainda lembra que o processo de exportação de alimentos é complicado, uma vez que, muitos países impõem barreiras sanitárias cujo principal enfoque está na proteção de interesses comerciais dos governos locais. Além do café processado, a rede deverá intensificar suas exportações de suco de laranja concentrado.


Em destaque

* O Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná) revelou que o café teve, na safra 2001/02, 130.782 hectares plantados, enquanto na safra 2002/03, houve redução de 3,75%, sendo plantados 125.884 hectares. Segundo o levantamento, até o último dia 4 de agosto, 91% da colheita já havia sido processada no Paraná. A produção estimada pelo Deral para este ano safra é de 119.458 toneladas de café (1,991 milhão de sacas), número 17,76% inferior às 145.260 toneladas (2,421 milhões de sacas) produzidas na safra 2001/02.

* O Ministério da Agricultura realizou no dia 13 de agosto o oitavo leilão de estoques governamentais de 2003. Das 20.000 sacas ofertadas, 19.370 sacas (96,85%) foram arrematadas. O preço médio obtido no leilão chegou a R$ 143,81. A arrecadação total atingiu a marca de R$ 2.785.705,00.

Fonte: Coffee Break (www.coffeebreak.com.br)

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