O governo federal voltou a debater o cultivo de produtos geneticamente modificados no Brasil. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, reuniu-se com produtores rurais e o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, para discutir a questão. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Executivo "acenou com a possibilidade de que o governo estabeleça critérios para o cultivo de soja geneticamente modificada na próxima safra".
Segundo Carlos Sperotto, vice-presidente da CNA e presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), o ministro "indicou a possibilidade de que uma solução para a regulação do uso de variedades transgênicas seja implantada por meio de Medida Provisória, estabelecendo a possibilidade de adoção de critérios regionais para o cultivo, colheita e comercialização". Em contrapartida, diz Sperotto, o ministro José Dirceu solicitou que o setor privado apresente propostas de criação de logística de colheita e comercialização para a soja tradicional. A proposta será apresentada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Sperotto, o ministro sensibilizou-se pelo fato de que, com a falta de definição sobre o tema, os agricultores estarem enfrentando dificuldades para planejar o cultivo das lavouras, embora o prazo de plantio esteja terminando.
Na última safra, o Rio Grande do Sul teve 3,5 milhões de hectares cultivados com soja, com uma produção de 9,8 milhões de hectares. Para Sperotto, há a expectativa de que, caso autorizado o cultivo transgênicos, o estado passaria a ter 90% da produção com sementes geneticamente modificadas.
Para permitir a venda da soja transgênica cultivada na última safra, o governo editou Medida Provisória. A regra garantiu a venda do grão colhido, mas deixou indefinida a situação sobre o novo plantio.