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Ceará vacina 80% do rebanho



A agropecuária cearense inicia a segunda etapa da estratégia, concebida no início deste ano, para tornar o estado "área livre de aftosa com vacinação até dezembro de 2005"- meta estabelecida também para outros estados nordestinos, excetuando Bahia e Sergipe, que já alcançaram esse patamar. Com a campanha lançada hoje, as autoridades sanitárias federais e estaduais pretendem imunizar 1,76 milhão de bovinos e bubalinos, ou 80% do rebanho total, vencendo barreiras para o comércio de animais e carnes.

Na avaliação dos técnicos, não será difícil atingir o índice de cobertura estipulado em função da adesão, considerada surpreendente, dos pecuaristas e das prefeituras à campanha contra aftosa. Na primeira etapa, lançada em março, a expectativa era vacinar 60% do rebanho, mas a cobertura chegou a 76,84%. Por determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa) a vacinação não incide sobre ovinos, caprinos e suínos - animais considerados "sentinelas" em caso de ocorrência do vírus da doença.

A obtenção do índice de cobertura de 80% abre uma janela importante para os pecuaristas e frigoríficos locais, atualmente impedidos de transitar com animais vivos ou comercializar carnes fora das fronteiras estaduais. A situação é especialmente desconfortável para os criadores cearenses de ovelhas que, além de um rebanho expressivo, têm um banco genético de alta linhagem. A raça "Morada Nova", por exemplo, que produz pele de elevada cotação, foi desenvolvida no estado.

A aftosa, contudo, não representa ameaça apenas para os animais de "cascos fendidos"- aqueles suscetíveis à doença. Setores econômicos absolutamente distintos também vivem a iminência de sofrer prejuízos. É o caso das exportações de camarões ou castanha de caju, que no ano passado somaram divisas de US$ 54,75 milhões e US$ 79,98 milhões respectivamente. A ocorrência da doença numa determinada região, em tese, torna qualquer produto suscetível de funcionar como vetor.

O delegado federal da Agricultura no Ceará, Cézar Rocha, assinala que as restrições à importação de produtos da maioria dos estados nordestinos poderiam ter sido levantadas, não fosse um acordo firmado em março desse ano com o Mercado Comum Europeu. "Na ocasião nos comprometemos a obter determinados índices de cobertura vacinal até 2005, com a contrapartida de não haver nenhum embargo aos produtos regionais. As duas partes estão cumprindo o acordo", observa.

De acordo com José Alberto Lira, consultor da Secretaria da Agricultura e da Pecuária do Ceará (Seagri), o estabelecimento de metas é decisivo para elevar o índice de vacinação do rebanho, cuja cobertura, até o ano passado, era de apenas 8%. Isso vai permitir ao estado sair do estágio atual de risco desconhecido para área livre com vacinação.

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