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Dezembro será o ÁPICE do El Niño?

Veja a previsão para o mês de dezembro


Foto: Pixabay

O início da safra 2023/24 foi muito impactado pelas condições do clima adverso, sobretudo pela grande irregularidade das chuvas no decorrer do mês de novembro, além da atuação da ocorrência de ondas de calor no período da semeadura. A condição compromete severamente o estande das lavouras e forçou o replantio da soja no Centro-Oeste, alterando o calendário agrícola até mesmo da segunda safra para 2024. 

Além disso, as chuvas recorrentes na região Sul, limitou os avanços da colheita no trigo, bem como, vem limitando a semeadura dos cultivos de verão. Apesar dos atrasos no trigo, a colheita vem muito mais adiantada do que nas safras anteriores, safra de ciclo mais curto em consequência das temperaturas mais elevadas e de menor qualidade em função das chuvas excessivas. 

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Este panorama é observado no comportamento das chuvas registradas por satélite no mês de novembro, onde nota-se claramente volumes abaixo da média em toda a faixa central do Brasil. Já na região Sul, especialmente entre o norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os volumes ficaram até 300 mm acima da média histórica, o que representa  o dobro das chuvas esperadas para o mês.

Panorama condições oceânicas e El Niño: fenômeno deve persistir durante a colheita e pós-colheita. 

Nunca, na história recente dos dados, foram registradas temperaturas como estão sendo registradas desde abril de 2024. Esse maior aquecimento das águas oceânicas, contribuem com a maior disponibilidade de energia na atmosfera, que consequentemente aumenta as condições e a ocorrência de eventos climáticos adversos. 

Esse acréscimo de intensidade nas condições climáticas adversas é observado tanto no incremento das áreas mais secas, quanto na intensidade das chuvas em setores mais localizados.

Já em relação ao fenômeno El Niño, a expectativa é de que as temperaturas continuem subindo na região de monitoramento – no Oceano Pacífico Equatorial – sendo que no último monitoramento disponibilizado pela NOAA (27/11), os valores das temperaturas estavam superiores à +2.0°C acima da média, considerado no patamar de “historicamente forte”.

As projeções apresentam uma tendência de aquecimento para as próximas semanas, onde o cenário mais provável é de que atinjam o ponto de máxima intensidade ainda no mês de dezembro. Condição que deverá persistir ao longo de Janeiro, entrando em um tímido e gradual declínio a partir de fevereiro. 

Apesar dessa tendência de enfraquecimento, o El Niño segue como a condição mais provável até o inverno de 2024. Deste modo, toda a safra de verão terá o seu desenvolvimento sob as condições do fenômeno, incluindo o período de colheita e pós-colheita.

 

Previsão de para as temperaturas

No que diz respeito às temperaturas, a tendência para o mês de dezembro apresenta previsão de valores acima da média em praticamente todo o país, com maior intensidade em áreas da parcela central, sobretudo no corredor de produção de soja.  Essas temperaturas mais elevadas, tendem a reduzir o ciclo das culturas, bem como aumentar a pressão pelo estresse hídrico, nas áreas que devem receber menos chuvas. 

Apenas setores do sul do país devem seguir com um dezembro de temperatura dentro da média histórica. No geral, isso será uma resposta da maior ocorrência de chuvas, mantendo os dias com pouca amplitude térmica mas os amanheceres devem ser ligeiramente mais quentes do que o normal. 

Previsão de chuvas e seus impactos no campo

A análise agroclimática do impacto do fenômeno El Niño em culturas como soja, milho, arroz, cana-de-açúcar e café no Brasil, especialmente durante os meses de dezembro e janeiro, deve considerar as variações regionais nas condições climáticas. 

Com base nas projeções de chuvas abaixo da média no Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, MATOPIBA e parte da região norte.  Chuvas acima da média em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. E condições favoráveis no Paraná, Mato Grosso do Sul  e São Paulo, os impactos podem ser resumidos da seguinte forma:

Soja:

MT, GO, MG, MATOPIBA, Norte: A redução das chuvas pode afetar negativamente o desenvolvimento da soja, levando a estresses hídricos durante fases críticas como a floração e o enchimento de grãos, resultando em redução de produtividade.

SC e RS: Chuvas excessivas podem aumentar os riscos de doenças fúngicas e dificultar as atividades de manejo, embora a soja geralmente tolere bem a umidade. O excesso de água pode também causar problemas de encharcamento e afetar o desenvolvimento das plantas.

PR, MS e SP: Condições climáticas favoráveis podem promover um bom desenvolvimento das lavouras, com potencial para altas produtividades.

Milho:

MT, GO, MG, MATOPIBA, Norte: A falta de chuva pode comprometer a fase de germinação e estabelecimento das plantas, além de afetar o enchimento de grãos, reduzindo os rendimentos.

SC e RS: Assim como a soja, o milho pode sofrer com o excesso de umidade, que favorece doenças e dificulta o manejo.

PR, MS e SP: Boas condições de crescimento podem ser esperadas, com potencial para boas colheitas.

Arroz:

MT, GO, MG, MATOPIBA, Norte: O déficit hídrico pode ser particularmente problemático para o arroz, especialmente para variedades não irrigadas.

SC e RS: Chuvas acima da média podem ser benéficas para o arroz, especialmente se for irrigado, mas o excesso de chuva pode também causar enchentes e perdas na produção.

PR, MS e SP: Condições estáveis são favoráveis para o cultivo de arroz, especialmente se houver sistemas de irrigação eficientes.

Cana-de-açúcar:

MT, GO, MG, MATOPIBA, Norte: A cana-de-açúcar pode ser afetada negativamente pela falta de chuvas, impactando o crescimento e a acumulação de sacarose.

SC e RS: O excesso de umidade pode aumentar o risco de doenças e afetar a qualidade da cana.

PR, MS e SP: Condições favoráveis podem resultar em bom crescimento e alta produção de açúcar.

Café:

MT, GO, MG, MATOPIBA, Norte: A escassez de chuvas pode afetar a floração e o enchimento dos grãos, reduzindo a qualidade e a quantidade da produção.

SC e RS: O café não é um cultivo predominante nestas regiões, mas o excesso de chuva pode aumentar os riscos de doenças fúngicas.

PR, MS e SP: Condições climáticas adequadas são benéficas para o desenvolvimento do café, desde que acompanhadas de manejo adequado.

A análise é do meteorologista do Portal Agrolink, Gabriel Rodrigues com revisão de Aline Merladete

 

 

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