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Produtores criam empresa para exportar café


Cafeicultores de Minas Gerais e de São Paulo vão unificar a oferta de grãos no mercado com a criação da Coffee Sul de Minas S.A., empresa que congrega oito cooperativas dos dois estados, com um total de 25 mil produtores. A empresa foi oficializada ontem, em Brasília, em cerimônia no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e terá um capital de R$ 140 milhões a ser injetado na promoção da marca no Brasil e no exterior.

A empresa vai atuar na industrialização e comercialização interna e externa de café, no processamento, além de logística, marketing, aquisição de insumos agrícolas e instrumentos financeiros que beneficiem a comercialização do produto, como informou Carlos Melles, que presidirá a Coffee Sul de Minas. "Nossa intenção é agregar valor, padronizar os procedimentos e competir no mercado com mais poder de barganha", disse.

A nova empresa contará ainda com uma associada que atua em comércio exterior, a Sertrading S.A., de São Paulo, que já tem experiência em exportação de leite. A grande expectativa é ganhar mercados emergentes, como a China. Para isso, serão aplicados recursos em marketing para a promoção da nova marca nesses países, além dos tradicionais importadores, como Estados Unidos e Europa. Juntos, os produtores sócios comercializam cerca de cinco milhões de sacas por ano.

Estoques próprios

Melles disse que R$ 40 milhões do capital da empresa será formado pelos estoques existentes nas cooperativas e recursos aplicados pelos sócios. Os outros R$ 100 milhões serão captados no mercado financeiro. "Queremos aumentar nossa capacidade de estocagem e investir em torrefação e moagem do café. Como cerca de 30% das torrefadoras do país estão ociosas, poderemos alugar a estrutura já existe, ao invés de aplicar em uma nova unidade", disse.

A meta dos cafeicultores é dividir 25% do lucro bruto da nova empresa entre os produtores sócios, antes mesmo de qualquer compromisso dos resultados.

Outro objetivo é atrair novos sócios com o sistema de vendas de cotas, já que há cerca de 100 cooperativas no País. Segundo Melles, durante os últimos cinco anos o cafeicultor vem amargando perdas financeiras com o baixo preço pago a eles. Em 1999, explicou, a cadeia produtiva do café movimentava R$ 30 bilhões, com 30% de repasse ao produtor, o que representava R$ 9 bilhões. Já em 2003, a cadeia deverá movimentar, ao final do ano, R$ 80 bilhões e o repasse ao produtor caiu para 8%, ou, R$ 6,5 bilhões. "As perdas são explícitas e a união dos cafeicultores deverá mudar essa quadro."

Sociedade Anônima

As cooperativas fundadoras da Coffee Sul de Minas são as mineiras Unicoop (Três Pontas), Capebe (Boa Esperança), Minasul (Varginha), Cooparaiso (São Sebastião do Paraíso) e Cooperativa Central de Minas Gerais, que congrega dez outras cooperativas do estado, juntamente com as paulistas Cocapec (Franca), Garcafé (Garça) e Cafenoel (São Manuel). Carlos Melles, que é diretor-presidente da Cooparaiso e da nova empresa, e deputado federal pelo PFL mineiro, informa que serão aproveitadas a estrutura e a licença de trading da Trading Coffee Sul de Minas, na formação da nova empresa em forma de sociedade anônima.

Economia de escala

Inicialmente, serão três bases de operação: a sede em Varginha (MG) e escritórios em São Paulo (centro comercial e financeiro) e em Santos (SP), para despachos e coordenação de embarques e processos de exportação.

Na avaliação de Oswaldo Henrique Paiva Ribeiro, presidente da Minasul, de Varginha, a união dos produtores irá gerar uma economia de escala, o que é importante diante do mundo globalizado. "Iremos agregar valor ao investir em torrefação e moagem. Como produzimos grande quantidade de grãos, iremos produzir grandes volumes", disse. Para Maurício Miarelli, presidente da Cocapec, de Franca (SP), poder enfrentar o mercado com mais força é a grande vantagem de se constituir a empresa.

Durante a solenidade de oficialização da empresa, o ministro Roberto Rodrigues disse que o setor agrícola precisa se organizar melhor para agregar valor aos seus produtos e disputar maiores fatias de mercado. "Cada vez menos o governo tem o poder de interferir no mercado e de influenciar nas cotações internacionais", disse o ministro. Ele lembrou que o Brasil tem menos de 1% do mercado mundial de café torrado e moído, apesar de ser o maior produtor mundial do grão - as estimativas da Conab prevêem, em 2004, 36 milhões de sacas de café - e o segundo país consumidor.

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