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Crise financeira da Parmalat envolve subsidiária brasileira


A subsidiária brasileira da Parmalat esteve ontem (17-12) no centro da crise financeira que chacoalha o grupo italiano desde o início de novembro. A Parmalat italiana tinha até ontem para pagar US$ 400 milhões ao Bank of America e a um grupo de investidores que em 1999 aplicaram esse valor na Parmalat Empreendimentos e Administração, a controladora da Parmalat brasileira.

A matriz italiana, entretanto, conseguiu evitar o pagamento que aprofundaria ainda mais a crise de liquidez da empresa. Os investidores receberam, na época, 18,8% das ações da Parmalat do Brasil S/A Indústria de Alimentos, a empresa de capital aberto que possui hoje nove fábricas no país.

O contrato entre o grupo italiano e os investidores previa que após quatro anos eles teriam a opção de revender as ações da subsidiária brasileira à própria Parmalat, obtendo ganhos com a valorização dos papéis. Ou devolver os papéis pelo valor original.

Como as ações da Parmalat brasileira desvalorizaram-se 78,8% no período, os investidores tinham o direito de resgatar o principal aplicado. Mas a empresa italiana, que não tem o dinheiro necessário para honrar o compromisso, persuadiu os investidores a não exercer o direito de venda.

Esse é o terceiro episódio envolvendo problemas de liquidez enfrentado pelo grupo desde novembro. No mês passado, as ações da Parmalat começaram a despencar na Bolsa de Milão e chegaram a ser cotadas a menos de 1 euro.

O inferno astral da empresa no mercado acionário começou quando os investidores passaram a questionar aplicação de US$ 500 milhões feita no fundo Epicurum, localizado nas ilhas Cayman. Por pressão dos investidores, a Parmalat comprometeu-se a resgatar o dinheiro, mas o fundo não tinha recursos para pagá-la.

Como a empresa tem um nível elevado de alavancagem (opera com grande volume de recursos de terceiros), o mercado financeiro começou a suspeitar da qualidade dos seus investimentos.

Suas suspeitas aumentaram quando, no último dia 8 venceu um título de dívida emitido pela empresa, no valor de US$ 150 milhões, que não foi pago no vencimento. O resgate acabou acontecendo no último dia 12.

A sucessão de problemas levou os bancos que têm investimentos no grupo italiano a intervir na sua gestão. Na semana passada eles colocaram Enrico Bondi, um executivo especialista em recuperar empresas em crise, para assessorar a direção da empresa. Na última segunda-feira ele foi nomeado presidente do grupo, substituindo Calisto Tanzi, fundador e maior acionista da Parmalat.

Ontem a Parmalat brasileira virou a bola da vez. A empresa que atua no Brasil há 16 anos, teve prejuízos durante 14 anos. Cresceu nos anos 80 comprando empresas locais do setor de leite e derivados, e depois estendeu seus negócios para sucos, molhos e outros segmentos. No final do ano 2000 a divisão brasileira possuía 20 fábricas. Após um processo de reestruturação está hoje com 9 unidades.

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