Cientistas britânicos acreditam que a forma humana da doença da vaca louca, chamada mal de Creutzfeldt-Jakob (CJD), pode ser transmitida por transfusões de sangue. A hipótese foi publicada hoje no Lancet Medical Journal. Embora ainda não tenham provado que a doença possa ser transmitida através de transfusões, eles encontraram um caso em que doador e receptor morreram contaminados pelo mal. Nesse caso em questão, o doador retirou sangue mais de três anos antes de mostrar os sintomas da doença.
Liderados pelo professor Robert Will, do Centro Nacional de Pesquisas do Mal de Creutzfeldt-Jakob, de Edimburgo, na Escócia, os pesquisadores escreveram que “embora a epidemia de CJD pareça estar em queda, uma parte da população do Reino Unido pode estar incubando a doença e doando sangue”. Os cientistas basearam seus estudos nos registros dos serviços de doação do Reino Unido e no órgão responsável pelo levantamento dos casos de CJD. Segundo o texto publicado hoje, 48 pessoas foram identificadas como receptoras de sangue pertencente a doadores que mais tarde desenvolveram a variante humana da vaca louca.
Até dezembro de 2003, 17 desses receptores tinham morrido, mas apenas um deles contaminado pela CJD. A doença só pode ser confirmada através da autópsia dos tecidos cerebrais. “Nossas descobertas aumentam a possibilidade de que essa contaminação possa ter sido transmitida pela transfusão”, diz o relatório, acrescentando que a infecção também pode ter ocorrido pela ingestão de carne contaminada pela doença da vaca louca.
Os médicos Adriano Aguzzi e Markus Glatzel, do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça, dizem que a possibilidade do CJD ser transmitido via transfusão de sangue não surpreende. Testes feitos com ovelhas mostraram que isso é possível. A variante humana da vaca louca matou 143 pessoas no Reino Unido e mais dez em outros países.