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A consultoria como uma atividade preventiva


Eleri Hamer
Prevenir é sempre melhor que remediar. Isso não é novo, nossos pais já dizem há séculos, mas frequentemente deixamos de tomar os cuidados de que necessitamos e acabamos engrossando o PIB do setor de medicamentos por esse motivo.
Na gestão dos negócios, também temos tarefas profiláticas que necessitamos realizar para que não precisemos fazer cirurgias dolorosas nos nossos empreendimentos. Uma dessas atividades pró-ativas é a consultoria, que antes de tudo deve ser encarada como um programa de acompanhamento e não um processo de solução de problemas.

No artigo 34[i], de dezembro de 2007, já abordei esse assunto em relação ao agronegócio. No texto afirmo que a maioria das empresas somente chama um profissional dessa área quando a casa já está pegando fogo. Neste momento o papel do consultor acaba sendo o de bombeiro, quando na verdade deveria ser o de um coach, espécie de técnico, que acompanha a empresa e desenvolve atividades preventivas.
A maioria dos empresários ainda olha com desdém para a idéia de contratar uma consultoria, principalmente quando não vislumbram ameaças no horizonte concorrencial ao desempenho da empresa. Isso ocorre principalmente por dois motivos: primeiro pela postura auto-suficiente de muitos empresários, que se sentem incomodados em reconhecer a necessidade da presença de uma pessoa externa à organização, e de outro, pela má imagem e limitado senso de profissionalismo que muitos consultores apresentam no mercado.
Embora tenhamos excelentes consultores, muitos ainda têm a mesma lógica de raciocínio que boa parte dos empresários: de que a consultoria tem o papel de resolver problemas, principalmente técnicos ou administrativos, e não a função principal, que é a aprendizagem organizacional.
Se nós partirmos desse pressuposto, é de entender por que muitas consultorias não trazem os resultados que deveriam. Primeiro porque a abordagem, tanto do consultor como do empresário, é de que chegou alguém com capacidade de resolver os seus problemas, quando na verdade se sabe que não é bem assim. Outra, de que se ele consultor vai resolver, o empresário não necessitará fazer esforço para isso. Duas falácias numa única situação.
Assim, mesmo que o consultor resolva momentaneamente o problema, finda a consultoria, não vai demorar para que um problema semelhante ocorra e novamente o consultor seja chamado, dando a impressão de incompetência em relação à realidade empresarial. O que vai, obviamente, macular a credibilidade da consultoria, sem atender as reais necessidades das empresas.

É importante reconhecer que para o empresário não é tarefa fácil aceitar a idéia de que ele necessite de outra pessoa para obter ou manter bons resultados. Isso se parece mais ou menos com o baixo índice de pessoas que possuem um acompanhamento médico em suas vidas. Na prática, só procuram um profissional quando algo de muito grave está acontecendo ou incomodando.
Percebe-se, no entanto, que as empresárias têm uma maior predisposição em aceitar o auxílio de profissionais em suas empresas. Neste sentido, assim como na vida pessoal onde elas procuram maior acompanhamento médico que eles e por isso vivam mais, é bem provável que um outro aspecto tenha relação, o fato de que a maioria das empresas é administrada por profissionais do sexo masculino que assim como na vida pessoal, apresentam maior dificuldade em reconhecer a necessidade de suporte.
Por fim, do mesmo modo que a nossa saúde agradece quando fazemos os nossos check-ups rotineiramente, sem que para isso tenhamos que antes sentir qualquer desconforto, a saúde financeira e econômica da sua empresa, também agradecerá se formos capazes de rotineiramente experimentarmos uma análise ou um acompanhamento de um agente externo: o consultor empresarial.
Grande semana a todos.

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