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A dependência dos fundos de estado (II)


Argemiro Luís Brum

Mais precisamente, em novembro passado o Fundo ADIA de Abu Dabi comprou 4,9% do Citigroup por US$ 7,5 bilhões. Em dezembro, o Fundo de Cingapura GIC injetou cerca de US$ 10 bilhões no banco suíço UBS. No mesmo mês, o China Investment Corp (CIC) investiu US$ 5 bilhões no Morgan Stanley, adquirindo 9,9% do capital deste banco dos EUA. Já o Fundo Temasek, de Cingapura, aporta US$ 4,4 bilhões ao estadunidense Merril Lynch. Em janeiro passado, este mesmo banco dos EUA levanta US$ 6,6 bilhões junto aos Fundos Soberanos da Coréia do Sul e do Kuweit enquanto o Citigroup capta outros US$ 12,5 bilhões junto a diversos fundos asiáticos. Ou seja, a crise junto ao setor imobiliário dos EUA, que atinge o mundo inteiro, vem sendo aplacada com o dinheiro dos Fundos de Estado destes países emergentes. Segundo seus mentores, estes Fundos visam preparar o após-petróleo, buscando frutificar os recursos existentes a fim de sustentar as gerações futuras junto as estes países da Ásia e do Oriente Médio. Eles buscam também diversificar as fontes de renda, assim como desenvolver a indústria local, caso do Fundo chinês CIC que deverá investir cerca de dois terços de seus US$ 200 bilhões nas empresas chinesas. Esta forte mudança no quadro capitalista mundial, em meio a certa falta de clareza quanto às ambições políticas (em relação às econômicas) dos países detentores dos Fundos Soberanos, põe em alerta o mundo ocidental desenvolvido, pois há receio quanto a prática de espionagem industrial e a tomada de controle de indústrias estratégicas. A ponto do G7, em outubro passado, orientar o FMI para que defina um código de conduta que obrigue estes Fundos a uma maior transparência. O fato é que hoje, após o estouro imobiliário nos EUA, somente estes Fundos de Estado estão prontos a emprestar dinheiro novo.

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